Paulo Câmara agradece ao comandante da PM, após pedido de exoneração, mas não explica ordem de ação violenta; leia na íntegra pronunciamento

Três dias após a ação violenta policial contra uma manifestação no Centro do Recife, no último sábado (29), o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou na noite desta terça-feira (1º) a exoneração do, agora, ex-comandante da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), Vanildo Maranhão. No seu pronunciamento, o governador do Estado não responde a um questionamento que vem sendo feito desde o fim de semana: "Quem deu a ordem para a ação?". O executivo estadual apenas disse que a análise de imagens e vídeos foi fundamental para a troca de comando, garantindo que "a investigação em torno do caso continua". 

Ainda de acordo com o governador, o coronel Vanildo Maranhão colocou à disposição o cargo. A exoneração então foi aceita pelo governador, que reconheceu "que aquela ação não condiz com as tradições e valores da Polícia Militar de Pernambuco". 

Paulo câmara também garantiu ter conversado com o Secretário de Defesa Social (SDS) do Estado, Antônio de Pádua, e o próprio Ivanildo, "deixando claro seu posicionamento", mas não deu detalhes sobre o posicionamento de ambos os citados. 

 

Leia na íntegra pronunciamento do governador 

Quero dizer aqui que após analisar incessantemente imagens, relatos e vídeos de todo o ocorrido na manifestação do último sábado, conversei com o secretário de Defesa Social e o comandante da PM sobre minha posição de que aquela ação não condiz com as tradições e valores da Polícia Militar de Pernambuco, uma instituição quase bicentenária e de tantos serviços prestados à nossa população.

O coronel Vanildo colocou seu cargo à disposição, aceitei e anuncio agora que o novo comandante da PM será o Coronel Roberto Santana.

A investigação em torno do caso continua. Hoje afastamos mais dois oficiais, além dos cinco afastados ainda no sábado. Vamos acompanhar a apuração de perto até a sua conclusão.

Quero registrar meu agradecimento ao coronel Vanildo pelos anos de dedicação ao Pacto pela Vida e ao nosso governo e conto com o trabalho do coronel Roberto para que tenhamos sempre uma polícia dura contra o crime, mas que seja guardiã dos direitos humanos e da cidadania.

Não uma polícia que atire no rosto das pessoas ou que impeça alguém ferido de ser socorrido, mas uma polícia que represente os anseios de uma sociedade pacífica, plural e democrática. Esses princípios são inegociáveis e deles jamais vamos abrir mão!

Muito obrigado!

 

Família de vítima vê com "estranheza" pedido de exoneração 

Ainda na noite desta terça-feira (1º), familiares de umas das vítimas receberam com estranheza a notícia do pedido de exoneração. A esposa de Jonas Correia de França, de 29 anos, ferido durante a ação policial, disse não entender o porquê da espera pelo pedido de exoneração. 

"Por que ele pediu para sair? Na minha cabeça passa tanta coisa. Por que chegar num ponto dele pedir para sair, e não ser expulso?", questionou a esposa de Jonas sobre a exoneração, a pedido, de Maranhão.