Em reação a Bolsonaro e às Forças Armadas, Pacheco defende o Congresso e as eleições de 2022
Senador afirmou que "não admitirá qualquer atentado" à independência do Congresso Nacional
Sem citar diretamente o nome do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), reagiu nesta sexta-feira (9) às ameaças que o chefe do Executivo federal tem feito às eleições de 2022 e a uma nota das Forças Armadas contra o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD). As informações são do portal UOL.
Em pronunciamento à imprensa, Pacheco disse que o Congresso Nacional "não admitirá qualquer atentado" à sua independência e disse que não acredita na possibilidade de as urnas eletrônicas serem fraudadas, indo contra as declarações que o presidente tem dado ultimamente.
"Quero aqui afirmar a independência do Parlamento brasileiro. A independência do Congresso Nacional, composto por suas duas Casas, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, que não admitirá qualquer atentado a esta sua independência e, sobretudo, às prerrogativas dos parlamentares: de palavras, opiniões e votos, que naturalmente devem ser resguardados em uma democracia", afirmou Pacheco, a respeito do atrito com os militares.
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De todo modo, o parlamentar afirmou que o choque entre as instituições está "esclarecido, resolvido e encerrado". O imbróglio entre Azis e as Forças Armadas foi iniciado no dia 7 de julho, no fim do depoimento de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, à CPI.
Na ocasião, que inclusive culminou com a prisão de Dias, o senador mencionou a existência de uma "banda podre" das Forças Armadas, que estaria envolvida em "falcatruas" ligadas à vacina. O Ministério da Defesa e as Forças Armadas, por sua vez, divulgaram uma nota se dizendo "fator essencial de estabilidade do país" e cravando que "não aceitarão qualquer ataque leviano".
Na visão de Pacheco, o texto parte "da premissa equivocada" d que Azis teria atacado a instituição de maneira generalizada, o que ambos os senadores garantem que não ocorreu.
Eleições
No pronunciamento, Pacheco também repudiou "especulações" de que poderia não haver eleições em 2022. Apesar de não ter citado o presidente nominalmente, é Bolsonaro quem vem criticando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e dizendo que não haverá eleições se não for adotado o sistema de impressão do voto na urna eletrônica.
"Tudo quanto houver de especulações em relação a algum retrocesso quanto à democracia, como a frustração das eleições próximas, vindouras, no ano de 2022, é algo que o Congresso Nacional, além de não concordar, repudia evidentemente", pontuou o democrata.
Pacheco declarou, ainda, ter plena confiança nas urnas eletrônicas. "Eu confio na Justiça Eleitoral brasileira. Não acredito que tenha havido fraudes e não acredito que o sistema esteja suscetível a fraudes no ano de 32022. Mas respeito aqueles que divergem da minha opinião", disse.