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Vídeo: "Eu serei preso?", questionou deputado bolsonarista alvo da PF junto com Sérgio Reis

Otoni de Paula e Sérgio Reis foram alvos de busca e apreensão da PF nesta sexta (20) em ação que apura manifestações contra as instituições

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Marcelo Aprígio

Publicado em 20/08/2021 às 10:30 | Atualizado em 20/08/2021 às 10:36
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Alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (20) ao lado do cantor Sérgio Reis, o deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) usou a tribuna da Câmara, na terça-feira (17), para criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) após o ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, ser preso por suposta participação em uma organização criminosa digital montada para ataques à democracia. 

“Eu serei preso, se a partir dessa tribuna denunciar que alguns ministros do STF se tornaram tudo o que causa mais nojo à sociedade brasileira? Que as decisões de ministros do STF tornaram a Suprema Corte um sistema ditatorial, que persegue os críticos, prende sem o devido processo legal, atropela a PGR e despreza o artigo 53 da Carta Magna?", perguntou.

"Serei preso se disser que quem transformou opinião em crime foi a Suprema Corte, que quem soltou um bandido para ser candidato a presidente da República foi a Suprema Corte, que a maior oposição do presidente Bolsonaro é a Suprema Corte, que o maior responsável pelas mortes de covid foi a Suprema Corte?”, emendou.

Investigação contra o TSE

Na quarta (18), o parlamentar pediu que o Procurador Geral da República, Augusto Aras, abrisse uma investigação contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por supostas “ações antidemocráticas”, referindo-se à desmonetização dos canais bolsonaristas nas redes sociais e a limitação de seu alcance.

"Não podemos recuar. Temos que nos unir. Tudo o que eles querem a a direita dividida", escreveu o social-cristão ao anunciar, nas redes sociais, o enfio do ofício à Procuradoria Geral da República (PGR).

Alvo da Polícia Federal

Dois dias após pedir o inquérito contra o TSE, o parlamentar quem se tornou alvo de investigação por manifestações contra as instituições. Nesta sexta-feira (20), A Polícia Federal (PF) cumpre mandados de busca e apreensão contra Otoni de Paulo e o cantor Sérgio Reis. As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido da PGR.

“O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”, diz a PF em comunicado.

Ao todo, 29 mandados foram autorizados pelo magistrado, levando a PF a, pelo menos, quatro endereços no Rio de Janeiro e em Brasília ligados ao cantor, na casa e no gabinete de Otoni, na Câmara. Também estão sendo cumpridos mandados em Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso, Ceará e Paraná.

Áudio, ameaças e 'cancelamento'

Desde o último fim de semana, a artista, que também é ex-deputado federal, se vê envolvido em polêmicas. O vazamento de um vídeo em que convoca caminhoneiros e a população a saírem às ruas em defesa do governo, e para pedir o impeachment dos ministros do STF, fez com que o sertanejo fosse “cancelado” nas redes sociais, com muitas críticas, inclusive de colegas artistas e políticos. Os cancelamentos, no entanto, também atingiram a agenda e o bolso do cantor.

“Querem me massacrar. Já estou tendo prejuízo. Cancelaram quatro shows e dois comerciais que ia fazer agora. Tiraram do ar um que faço para um supermercado de Curitiba. Vão tirar por um mês do ar e esperar para ver o que acontece”, contou o artista, agora alvo de ação da PF.

Na segunda-feira (16), segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a mulher de Sérgio Reis contou que ele ficou deprimido com a má repercussão do áudio. "Ele está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Ele quer apenas ajudar a população. Está magoado demais", disse a mulher de Reis, Angela Bavini.

Investigação na Polícia Civil

A Polícia Civil do Distrito Federal abriu, na segunda-feira (16), um inquérito para apurar as ameaças feitas pelo cantor Sérgio Reis sobre um áudio que circulou pelas redes sociais no último fim de semana. A investigação acontecerá por meio do Departamento de Combate à Corrupção.

De acordo com o que o delegado Leonardo de Castro, da delegacia de Combate à Corrupção (Decor), informou, na segunda, o cantor sertanejo será investigado pela prática de, pelo menos, três crimes.

"O objetivo é investigar suposta associação criminosa voltada para a prática de alguns crimes, da qual ele seria integrante", afirmou o delegado. "Ele será investigado pelos crimes de ameaça (art. 147 do CP), dano (art. 163 do CP) e atentado contra a segurança de meio de transporte (art. 262 do CP)."

A previsão, segundo a Polícia Civil, era de que Sergio Reis fosse intimado a depor nos próximos dias, ainda em agosto, mas não foi informada data para a convocação.

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