Alberto Feitosa quer que a Alepe conceda de voto de aplauso a pastor que criticou o STF durante culto no Recife
O parlamentar afirmou que o religioso foi "corajoso" e o parabenizou pelas declarações. Na ocasião, D. Paulo Garcia também criticou a defesa do aborto e do que classifica como "ideologia de gênero"
Um dia depois de D. Paulo Garcia, arcebispo e primaz da Igreja Episcopal Carismática do Brasil, tecer críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante um culto na Catedral da Trindade, no Recife, o deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) publicou um vídeo nas suas redes sociais o parabenizando pelas declarações e anunciando que deu entrada em um voto de aplauso ao líder religioso na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Em seu pronunciamento, o pastor também critica a defesa do aborto e do que classifica como "ideologia de gênero", e convoca "todo o povo cristão e em especial a Igreja Episcopal Carismática" a lutar pela fé e pela liberdade.
"Dom Paulo Garcia, parabéns pela coragem, pela serenidade e, acima de tudo, pelo gesto que o senhor fez por todos os brasileiros", diz Feitosa, no vídeo divulgado hoje (23).
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O vídeo que mostra a fala de D. Paulo Garcia foi publicado ainda no domingo pelo Blog de Jamildo. O religioso inicia a sua fala afirmando que o Brasil está vivendo um "momento grave", que não quer "ser omisso" e que tem estado "muito preocupado e triste" por fatos que têm ocorrido no Brasil de hoje.
Ele continua então dizendo que "há uma escalada de autoritarismo" em andamento no País e que, aparentemente, "não há segurança jurídica nessa terra". "Direitos individuais estão sendo suprimidos e quem emitir opinião diferente de um certo tribunal, composto por pessoas que não foram eleitas para nos governar, está sujeito à perseguição e à prisão", declarou Garcia.
A fala do pastor refere-se às recentes decisões de ministros do STF contra aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que fizeram ameaças às instituições ou incentivaram a quebra da ordem pública. O último desdobramento dessa tensão entre as instituições foi o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, feito por Bolsonaro na última sexta-feira (20).
"Jornalistas independentes estão encarcerados. Canais de comunicação desmonetizados ou retirados do ar. Estamos sendo impedidos de expressar com liberdade as nossas opiniões. Mais do que isso, estão querendo calar as nossas vozes. Como cristãos, como líder, como um pastor ou um bispo, nós precisamos no posicionar. Não podemos ficar calados", completou o religioso.
Antecipando uma resposta a possíveis críticas ao seu posicionamento vindas da própria igreja, Garcia argumentou que as pessoas ligadas à sua religião não deveriam atacá-lo, pois acreditam nos mesmos ideais. "Aqui nós não somos a favor da legalização do aborto, da sexualização de criança, de corrupção, de roubalheira, de linguagem neutra na língua portuguesa, somos contra a 'ideologia de gênero'. Se há pessoas assim (aqui) não entendeu nada do que Jesus já falou para nós, e eu estou pregando aqui há 47 anos. Se nós não falarmos, muito em breve seremos proibidos de declarar a nossa fé até mesmo nas igrejas", disse.
Na ocasião, o pastor também mostrou-se contrário às queixas feitas, em junho passado, a uma escola de Aldeia, em Camaragibe, que fez um post homofóbico em suas redes sociais criticando uma campanha da rede de fast food Burger King que pretendia promover a diversidade mostrando o olhar das crianças com relação à comunidade LGBTQIA+. "Bíblias e crucifixos estão sendo retirados das escolas. Recentemente um colégio aqui em Aldeia, Camaragibe, Pernambuco, foi ridicularizado pela mídia por se posicionar a favor dos valores cristãos. Há poucos dias o pastor Jorge Linhares, em Belo Horizonte, foi convocado a se apresentar perante uma autoridade para se explicar porque afirmou que só existe o sexo masculino e o sexo feminino. Se as coisas continuarem assim, muito em breve nós seremos impedidos de falar de Jesus", cravou o líder.
Ao finalizar o seu pronunciamento, Garcia conclama "todo o povo cristão e, em particular, a Igreja Episcopal Carismática" a "lutar pela nossa fé, pela nossa liberdade, esse dom supremo que o Senhor nos deu", pedindo a seus seguidores que orem e jejuem por esse objetivo.