Ministro da Educação terá que explicar falas sobre alunos com deficiência na Câmara dos Deputados
Milton Ribeiro disse que algumas crianças com deficiência não devem estudar na mesma sala de outros alunos e que o MEC não quer o "inclusivismo"
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, terá que prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados sobre as recentes afirmações a respeito dos alunos com deficiência nas escolas. De acordo com o auxiliar do governo federal, crianças com deficiência "atrapalham" o ensino dos demais estudantes e que, tanto o Ministério da Educação quanto o governo em si, "não querem o inclusivismo".
Líder do PSB, o deputado federal Danilo Cabral é o autor do requerimento aprovado, nesta quarta-feira (25), pela Comissão de Educação da Câmara, que solicita a presença do ministro. Para o socialista, o discurso adotado por Milton Ribeiro mostra o seu desrespeito e preconceito contra as pessoas com deficiência e a educação brasileira.
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"O ministro precisa comparecer à Comissão de Educação para dar explicações sobre essa fala. A sua afirmação vai de encontro ao que está previsto na Constituição, na Lei Brasileira de Inclusão e nas metas do Plano Nacional de Educação (PNE), constantemente ignorado pelo ministro. O Plano, fruto de um amplo debate, apontou que o melhor caminho para garantir cidadania a essa parcela importante da população é o acesso à educação, preferencialmente nas turmas regulares de ensino", argumentou Cabral.
O parlamentar também lembrou que essa não seria a primeira vez que o governo Bolsonaro tenta ir de encontro a essa pauta. No ano passado, o governo publicou decreto retirando alunos com deficiência das turmas regulares. O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o decreto. "Essa tentativa é descabida e sem propósito", afirmou o socialista.
A primeira vez que Milton Ribeiro falou sobre o tema foi em entrevista, no início do mês, no Programa Sem Censura na TV Brasil. O ministro da Educação, no entanto, voltou a dizer esta semana que algumas crianças com deficiência não devem estudar na mesma sala de outros alunos. Ele disse que não quer o "inclusivismo" e argumentou que certos graus e tipos de deficiência necessitam de classes especiais.