No Recife, ministro da Educação justifica polêmica fala sobre universidades: "interpretação de quem quer atacar governo"
Milton Ribeiro participa da solenidade de reabertura do Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, Zona Norte da cidade
Em visita ao Recife nesta quinta-feira (19), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, justificou sua polêmica declaração de que "universidade deveria ser para poucos", feita na última semana. O chefe da pasta afirma que, ao contrário do que foi difundido nas redes sociais, não teve intenção de dizer que os mais pobres não deveriam ter acesso ao ensino superior, mas sim de que o diploma de graduação "não é garantia de empregabilidade no Brasil".
"Meu pai não tinha nem o segundo [grau], e eu estudei somente em escola pública. Fiz meu doutorado em uma escola pública com bolsa pública. Não quis falar isso; essa foi a interpretação daqueles que nem se preocupam comigo, e mais estão preocupados em atacar o governo do presidente Jair Bolsonaro. Eu não faria isso, estava querendo dizer que o fato de ter um diploma de curso superior não é garantia de empregabilidade no Brasil", disse, em meio à reabertura do Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, Zona Norte da cidade.
- Ministro da Educação reforça pedido para que professores sejam vacinados
- Em nova troca, ministro da Educação demite presidente da Capes
- Ministro da Educação anuncia datas do Enem em 2021; confira
- Ministro da Educação diz que 'abriu mão' de ver questões do Enem 2021
- "Adianta nada ter muitos inscritos e poucos presentes", diz ministro no Recife sobre Enem 2021 ter menor número de candidatos em 13 anos
- 'O Brasil precisa, mais do que nunca, de massa crítica', diz Mozart Neves após ministro da Educação defender universidade 'para poucos'
Em entrevista à TV Brasil em 9 de agosto, Ribeiro defendeu a educação técnica e afirmou que os institutos federais, com cursos profissionalizantes de nível técnico, serão as "grandes vedetes (protagonistas) do futuro". "A universidade, na verdade, deveria ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade. Tem muito engenheiro dirigindo Uber", afirmou.
O ministro voltou a defender a difusão de cursos técnicos nesta quinta, ao dizer que estes dão mais oportunidades de emprego. "Eu creio que sou talvez o primeiro ministro que tenha a coragem de dizer isso porque não tenho vínculo político com ninguém. Acho que o melhor para a sociedade brasileira é essa fórmula que a Alemanha e grandes países da Europa fizeram, com ensino médio profissionalizante. Depois, podem ascender, sim, com ensino superior, digamos que tem vocação para estudar. ‘Fiz técnico em veterinária, mas quero ser médico veterinário’, tudo bem."
Na ocasião, Ribeiro também afirmou que, embora o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenha "muitos defeitos", não pode ser acusado de ser "corrupto ou ex-presidiário". "Faço questão de dizer que o presidente da República é um homem que tem muitos defeitos, já falei isso para ele. Ele pode fazer de tudo, ser acusado de muitas coisas, de homofóbico, machista, grosseiro, só a mídia, nem a sociedade, nem os inimigos podem acusá-lo de corrupto, nem de ex-presidiário, porque ele é um homem sério", disse, durante a solenidade.
O pastor ainda afirmou que é a Bolsonaro a quem deve a lealdade e a confiança. "Estou nesse governo porque sempre estudei em escola pública, e, diante do desafio que recebi, falei ‘está na hora de devolver, aos 63 anos, o muito que a escola pública já me levou', é isso que estou fazendo. Não tem acordo, nem reunião com empresário, nem com donos de escolas; o que quero é cumprir a lei, porque isso estou lá com todo apoio ao meu presidente."
Esta é a segunda visita oficial do ministro ao Recife em pouco mais de um mês. Em 15 de julho Milton Ribeiro participou de evento de inauguração da nova Cinemateca Pernambucana, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e aos lançamentos do site e livro ‘Cultura Viva do Nordeste’, do Prêmio Delmiro Gouveia de Economia Criativa - que destinou R$ 900 mil para 90 projetos e iniciativas de todo o Nordeste. No local, também foi assinado um acordo de cooperação técnica com o Instituto de Inovação e Economia Circular (IEC), do Centro de Recondicionamento de Computadores de Pernambuco (CRC-PE), para recolhimento dos eletrônicos descartados pela Fundaj.