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Cinco anos após impeachment, Dilma diz que Governo Bolsonaro flerta com 'golpe dentro do golpe'

O Senado aprovou o impeachment de Dilma em 31 de agosto de 2016

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JC

Publicado em 31/08/2021 às 9:38
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A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirma que a atual crise política no Brasil é um desdobramento do processo de impeachment ocorrido em 2016. Nesta terça-feira (31) são completados cinco anos do processo de impedimento que tirou a petista do poder.

Dilma concedeu entrevista ao portal da Fundação Perseu Abramo e disse que “o golpe de 2016 é o ato zero do golpe, é o ato inaugural, mas o processo continua. É o pecado original dessa crise que o país atravessa. É a partir dali que se desenrola todo o processo golpista”, diz.  "O que estamos vivendo são as etapas do possível endurecimento do regime político no Brasil. O governo flertando com a possibilidade de um golpe dentro do golpe", completa a petista.

No segundo processo de impeachment presidencial do Brasil pós redemocratização, o plenário do Senado aprovou o afastamento de Dilma em 31 de agosto, interrompendo um ciclo de 13 anos de gestão PT. Antes da decisão do Senado, o processo contra Dilma foi autorizado pela Câmara em abril de 2016. Dilma disputou as eleições de 2018, mas não conseguiu se eleger senadora por Minas Gerais.

Bolsonaro

Sobre o presidente da República, Jair Bolsonaro, Dilma afirmou que o país vive a possibilidade de um segundo golpe, já que ela considera o processo de deposição ao qual foi submetida como ilegítimo. "É preciso entender o jogo. O golpe ocorreu em 31 de agosto de 2016. O que estamos vivendo agora é a possibilidade de um novo golpe baseado nas formas derivadas da guerra híbrida. Lá atrás, houve um golpe parlamentar, Judiciário e midiático. Mas, sobretudo, um golpe do setor financeiro, do capitalismo financeirizado. Um golpe neoliberal", afirma.

A petista alfinetou o Judiciário, que, segundo ela, só percebeu agora as ameaças à democracia porque "chegou agora neles". "Quando eu disse, há cinco anos, que o golpe não ficaria ali, é porque sabia que haveria um avanço rápido sobre todas as instituições."

Dilma disse, ainda, que "o ato seguinte ao golpe do impeachment foi a prisão do Lula", em abril de 2018, para, na visão dela, inviabilizar a possibilidade de o petista se candidatar à Presidência. "Ora, se o Lula é eleito, o golpe seria interrompido. Mas, não bastou prendê-lo. Afinal, ele não perdeu a popularidade que desfrutava. Ainda era competitivo. E não perdeu a confiança do povo. Daí então, passa-se a um novo ato do golpe: a interdição de Lula do processo eleitoral. Ele é condenado, preso e, finalmente, tiraram-no das eleições de 2018. Não pode falar e nem fazer campanha. O golpe foi se aprofundando."

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