Análise

'Carta à Nação' de Bolsonaro, vista como recuo após falas antidemocráticas, não abalou fidelidade de seguidores; veja números

Conclusão é da BITES, empresa de análise de dados que verificou a movimentação de perfis pró e contra o presidente da República após a publicação do documento no site do Planalto, às 16h25 da última quinta (9)

Imagem do autor
Cadastrado por

Renata Monteiro

Publicado em 10/09/2021 às 16:23 | Atualizado em 10/09/2021 às 16:28
Notícia
X

A "Declaração à Nação", carta divulgada na última quinta-feira (9) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), considerada como um recuo às declarações de viés antidemocráticos que o gestor deu ao longo da semana e, em especial, em protestos no 7 de Setembro, não gerou fragmentação nas redes sociais bolsonaristas. A conclusão é da BITES, empresa de análise de dados que verificou a movimentação de perfis pró e contra o presidente da República após a publicação do documento no site do Planalto, às 16h25.

No texto, o militar da reserva diz, entre outras coisas, que nunca teve "nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes", que suas palavras "decorreram do calor do momento" e que sempre esteve "disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles". O ex-presidente Michel Temer (MDB) teria auxiliado Bolsonaro a escrever a nota.

>> Após críticas a Bolsonaro, #EuConfioNoPresidente ganha popularidade no Twitter

>> Gilson Machado e lideranças bolsonaristas em PE evitam críticas a Bolsonaro após recuo do presidente sobre ataques ao STF

>> Ex-ministro Cristovam Buarque não acredita em recuo de Bolsonaro e diz que o presidente tem ''cabeça desmiolada''

>> Bolsonaro justifica a apoiadores que falas acima do tom fazem dólar disparar

>> Poderes e políticos 'não vão simplesmente esquecer', diz Lavareda após recuo de Bolsonaro

Segundo Manoel Fernandes, diretor da BITES, os eventos ocorridos ontem envolvendo o presidente devem ser divididos em duas partes: a primeira seria a carta do gestor, que "desnorteou" a base bolsonarista, e a segunda seria a live semanal de Bolsonaro, às 19h, que teria "atenuado" esse desconforto entre os seus aliados. De acordo com Fernandes, diante desse contexto, mesmo que a oposição acredite que o presidente saiu fragilizado do episódio, a empresa não identificou "sinais substantivos" de uma debandada dos bolsonaristas.

Para se ter uma noção desse cenário, dados levantados pela consultoria mostram que, em abril de 2020, à época da saída do ex-ministro Sérgio Moro do governo, Jair Bolsonaro perdeu, em 24 horas, 55 mil seguidores no Facebook, Youtube, Instagram e Twitter. Nas últimas 24 horas, porém, o presidente ganhou novos 4.200 seguidores. Os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso, por sua vez, acrescentaram, juntos, 2 mil novos seguidores aos seus perfis no Twitter e Instagram.

"A carta desconcertou a base do presidente, mas a live reagrupou seus aliados, porque foi naquele momento que ele explicou e justificou a carta", observa Fernandes. Entre os vídeos publicados por Bolsonaro na sua fanpage nos últimos 30 dias, a live da noite de ontem ficou na sétima posição, com mais de 3 milhões de visualizações.

As reações em números

Nas últimas 24 horas houve cerca de 500 mil posts sobre Bolsonaro em fanpages e grupos públicos. O maior número de interações, diz a BITES, é de bolsonaristas falando que confiam no presidente, sem críticas estruturadas dos apoiadores do militar à carta de ontem. Quando as palavras "traição", "traído" e "traidor" são combinadas ao nome do gestor, o volume no Facebook é de 2 mil posts (0,4% do total), muitos deles oriundos de páginas da oposição.

No Twitter, o nome do presidente surgiu em 1 milhão de posts, sendo que 7 mil deles trouxeram a combinação com "traição". Ao observar as hashtags positivas e negativas sobre Bolsonaro, a consultoria diz que elas são equivalentes. Foram 155 mil tweets com hashtags negativas e 122 mil com menções positivas para o presidente.

Tags

Autor