Entrevista

Ex-ministro Cristovam Buarque não acredita em recuo de Bolsonaro e diz que o presidente tem ''cabeça desmiolada''

Na visão do pernambucano Cristovam Buarque, Bolsonaro demonstrou ''fraqueza'', mas seus apoiadores não o abandonarão

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Cássio Oliveira

Publicado em 10/09/2021 às 11:09 | Atualizado em 10/09/2021 às 11:09
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O ex-senador e ex-ministro pernambucano Cristovam Buarque disse, na manhã desta sexta-feira (10), que a maioria da população não acredita nas palavras do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido) após a declaração do presidente recuando dos ataques proferidos no 7 de setembro.

"A imensa maioria não acredita no presidente que diz algo hoje, algo amanhã e faz isso por duas coisas. Faz por tática e por uma cabeça desmiolada, desequilibrada, achando não tem consequência, a nota não tem nenhum valor, salvo até ele ir aos apoiadores e dizer o contrário", afirmou Cristovam em entrevista à Rádio Jornal.

Após as declarações com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes nas manifestações de 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro lançou uma "declaração à nação" afirmando que nunca teve "a intenção de agredir quaisquer Poderes", e que suas "palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum."

Seguidores

O posicionamento de Bolsonaro irritou seguidores, mas, na visão de Cristovam Buarque, eles não o abandonarão. "Parece que ele incomodou seus seguidores, mas eles voltam quando ele discursar contra vacina, contra ministros do Supremo. Isso é permanente, ele percebe o risco de não vencer e prepara uma forma de impedir que o vencedor tome posse. Ele diz que tem fraude na eleição, mas ele não quer voto impresso, ele quer dizer que houve fraude, quer liberar armas, faz discurso a seus seguidores falando que o comunismo está aí", afirmou.

Ainda segundo Cristovam, a oposição a Bolsonaro deveria estar reunida neste momento. Ele se disse preocupado, pois os diversos pré-candidatos à Presidência não se unem. "Bolsonaro está no terceiro turno, imaginando se perder como dará um gole e a oposição discutindo quem passa ao segundo, com, ao menos, seis pré-candidatos divididos. Essa é a maior força do Bolsonaro", disse.

Por fim, o ex-senador disse que o recuo de Bolsonaro foi como um "analgésico" e que o efeito durará pouco. "Ele pagará um preço, todo recuo gera isso. Ele demonstrou fraqueza, mas logo, quando ele voltar com seus discursos, seus seguidores dirão que ele é um gênio". 

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