Em Nova York, ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, testa positivo para covid-19; é o segundo caso na comitiva de Bolsonaro
Ele viajou aos Estados Unidos para acompanhar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU
Atualizada às 23h35
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, testou positivo para covid-19 e vai ficar em quarentena por 14 dias em Nova York, nos Estados Unidos, onde acompanhou o discurso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (21). A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) informou que ele "passa bem".
Em uma publicação no Twitter, o chefe da Saúde disse que cumprirá todos os protocolos de segurança sanitária. "Enquanto isso, o Ministério da Saúde seguirá firme nas ações de enfrentamento à pandemia no Brasil. Vamos vencer esse vírus", escreveu Queiroga.
É o segundo caso de um infectado por coronavírus na comitiva que acompanha o presidente nos Estados Unidos. O primeiro foi confirmado no sábado (18), um dia antes da chegada do presidente. O funcionário, que trabalha no cerimonial da presidência, tinha saído do Brasil há cerca de dez dias para auxiliar no planejamento da logística da viagem.
Queiroga esteve com o presidente no plenário da Organização das Nações Unidas nesta terça-feira (21) o que deve despertar reação internacional para rastrear os contatos do ministro e identificar possíveis focos de transmissão. Em uma foto postada em suas redes sociais, o ministro aparece no meio do local onde mais cedo discursaram os principais líderes mundiais.
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Além do evento desta terça-feira, Queiroga também encontrou o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em reunião bilateral na segunda-feira (20). Um dia antes, portanto, do diagnóstico de covid. Na terça, Johnson se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Casa Branca. O britânico e o americano estavam usando máscaras.
No discurso na ONU, o presidente Jair Bolsonaro defendeu o chamado "tratamento precoce" contra covid-19 - em referência a medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença, como hidroxicloroquina e ivermectina - e se colocou contrário a "passaportes de vacinação".
Na quinta-feira passada (16), Queiroga afirmou que partiu de Bolsonaro a orientação para rever a vacinação de adolescentes. A pasta recomendou a interrupção da aplicação de doses em pessoas de 12 a 17 anos sem comorbidades, como diabete, problema cardíaco ou deficiência física, seguindo caminho contrário ao de órgãos especializados no tema no Brasil e no mundo.
Na cidade americana, Queiroga esteve na foto comendo pizza ao ar livre junto ao presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães, o ministro do Turismo Gilson Machado, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência). Como revelou o Estadão, Ramos recomendou para Queiroga por o "pau na mesa" em encontro bilateral com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
Reação a manifestações
O ministro da Saúde reagiu com um gesto obsceno às manifestações feitas na noite da segunda-feira (20) contra o presidente. Um grupo pequeno protestava contra o mandatário brasileiro na calçada em frente à residência da missão nacional junto à ONU, onde a comitiva brasileira foi recepcionada para um jantar. Na rua, um caminhão com um telão exibia frases em inglês com críticas ao presidente, como "Bolsonaro is burning the Amazon" (Bolsonaro está queimando a Amazônia).
Bolsonaro gravou e publicou nas redes sociais um vídeo feito na saída do evento, em que chama os manifestantes de "acéfalos".
"Tem aproximadamente 10 pessoas aqui fazendo um escarcéu, pessoas fora de si, e logicamente, que a imprensa brasileira vai dizer que houve uma manifestação enorme contra mim aqui em Nova York", disse o presidente do Brasil. "Esse bando que está aqui nem sabe o que está falando, está protestando e deveria estar num país socialista, não nos Estados Unidos", afirmou, antes de interagir com um apoiador.
Na sequência, a comitiva brasileira entrou em uma van. Quando o veículo deixava o local, ainda sob os gritos dos manifestantes, o ministro Queiroga levantou de seu assento e mostrou, com as duas mãos, os dedos do meio aos opositores do governo Bolsonaro, que também faziam gestos obscenos.
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