Anderson, Miguel, Raquel, Gilson: a um ano para a eleição, entenda como a oposição ao PSB está se movimentando em Pernambuco
Até o momento, há chances de que a direita e a centro-direita do Estado lancem três nomes às urnas
Nas eleições de 2018, o então senador Armando Monteiro, hoje no PSDB, conseguiu reunir em torno da sua candidatura ao Governo de Pernambuco 13 partidos de direita e centro-direita. Naquela ocasião, Armando perdeu a disputa para o governador Paulo Câmara (PSB) ainda no primeiro turno, e agora, a um ano para o próximo pleito, na tentativa de forçar um segundo turno com a Frente Popular, esses polos políticos dão sinais de que devem seguir pelo menos três nomes nas urnas.
Entre os partidos de centro-direita, os nomes fortes para a disputa são os dos prefeitos de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), de Petrolina, Miguel Coelho (DEM), e de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB). Na última semana, dois movimentos dos gestores e seus aliados deram um sinal claro de como essas forças vão se organizar no ano que vem: Miguel filiou-se ao DEM e lançou oficialmente sua pré-candidatura a governador pelo partido, enquanto PSDB, PL, PSC e Cidadania anunciaram a formação de um bloco que caminhará unido no processo eleitoral, apoiando apenas uma candidatura.
Trocando em miúdos, desse grupo podem sair dois candidatos ou apenas um, mas o segundo cenário só será possível caso o DEM, que está prestes a se fundir com o PSL, decida apoiar o postulante escolhido pelos partidos do novo coletivo.
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Confira no vídeo abaixo quem são os pré-candidatos ao Governo de Pernambuco que já se apresentaram até o momento:
Entre as lideranças desse campo político-partidário, uma parte defende a unificação das postulações e outra acredita que a melhor estratégia seria o lançamento de mais de um nome. Para Mendonça Filho (DEM), por exemplo, o ideal seria que todas as siglas apoiassem apenas um candidato. “Nosso propósito é juntar, nosso objetivo é somar”, declarou o ex-governador, durante ato de filiação do prefeito de Petrolina.
Questões nacionais, contudo, afastam as demais legendas de centro-direita de uma aliança direta com Miguel Coelho, como a relação do seu grupo com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Fernando Bezerra Coelho (MDB), pai do prefeito, é líder do governo Bolsonaro no Senado e o próprio Miguel já chegou a afirmar que tem um “alinhamento de pensamentos” com a gestão do chefe do Executivo federal. PSDB e Cidadania, porém, fazem oposição frontal ao presidente.
“Eu acho que deve haver nitidez de posição. Quem apoiar Bolsonaro deve montar seu palanque. Aqueles que não concordam com o PSB, mas também não apoiam Bolsonaro, devem construir seu caminho”, defendeu o deputado federal Daniel Coelho, presidente do Cidadania em Pernambuco, no mês de agosto. Daniel aposta no nome de Raquel Lyra para a campanha ao Governo do Estado.
Para o ex-senador Armando Monteiro, porém, independentemente do número de candidaturas postas, o mais importante é que a oposição pernambucana tenha uma estratégia comum para o pleito, sem trocas de ataques entre si. Em 2020, nas eleições do Recife, desentendimentos entre os líderes da centro-direita que começaram ainda na pré-campanha contribuíram para que o grupo tivesse um desempenho aquém do esperado nas urnas, e o segundo turno na capital foi disputado entre PT e PSB.
“A unidade não se expressa apenas na hipótese do lançamento de uma candidatura única, isso é unificação. Unidade é olhar o cenário e, a partir dele, definir uma estratégia comum, que pode indicar a possibilidade, a conveniência, a aceitação de mais de uma candidatura, que é o que eu acho que vai acontecer”, argumentou Armando.
Sobre a estratégia de apresentação de mais de um nome em 2022 pela oposição, a cientista política Priscila Lapa, da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), afirma que, para ter sucesso na tática, o grupo não pode esquecer o fator Lula (PT), que está prestes a retomar uma aliança com o PSB em Pernambuco. “A oposição tenta forçar um segundo turno lançando duas forças anti-PSB, apostando no desgaste (do governo), na ausência de uma candidatura governista consistente. Mas ainda há tempo de uma candidatura forte vinda do governo, combinada a um cenário nacional capitaneado pelo ex-presidente Lula”, ponderou.
O cientista político Vanuccio Pimentel, por sua vez, diz que a centro-direita pernambucana está em um dos seus melhores momentos nos últimos anos e chega a 2022 “renovada”, portanto “seria um erro” se dividir em mais de uma candidatura. “Nas últimas eleições, de 2018 e 2014, a oposição nunca conseguiu formar uma chapa e uma articulação que pudessem fazer frente ao PSB. Mas esse momento é diferente, porque aí nós temos pelo menos dois candidatos que na minha opinião são competitivos e viáveis, que saem de dois bolsões oposicionistas, que é a região de Caruaru e Petrolina”, observou o analista.
O palanque bolsonarista
Há, ainda, chances de que aliados do presidente Jair Bolsonaro - que já declararam que não apoiarão o filho de FBC, por considerarem que a família tem sido infiel ao militar da reserva - apresentem um nome próprio para o pleito. A figura que tem ganhado força para esse posto nos últimos meses é a do ministro do Turismo, Gilson Machado Neto.
O auxiliar do presidente não se coloca oficialmente como pré-candidato, mas vem intensificando agendas no Estado, sobretudo no interior. “Eu jamais vou usar o meu cargo para fazer política em benefício próprio. A gente tem obrigação de trabalhar para o governo do presidente Jair Bolsonaro com entregas. Agora eu sou uma pessoa de missão, se o presidente precisar de mim, eu estou à disposição para tudo, porque ele sabe que eu sou para qualquer serviço. Eu estou pronto para qualquer missão”, declarou o ministro à Rádio Jornal Caruaru, na última semana.