PARTIDO DE OPOSIÇÃO

Após atritos e revolta de Ciro Gomes, PDT muda de posição e votará contra PEC dos precatórios nesta terça (9)

A mudança foi anunciada nessa segunda-feira (8) pelo líder da bancada na Câmara dos Deputados, o pernambucano Wolney Queiroz

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Marcelo Aprígio

Publicado em 09/11/2021 às 10:10 | Atualizado em 09/11/2021 às 10:41
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Após atritos que ameaçaram a unidade do PDT, a legenda do ex-governador do Ceará Ciro Gomes irá adotar uma nova posição em relação à PEC dos precatórios, que tem votação marcada para esta terça-feira (9). A mudança foi anunciada pelo líder da bancada na Câmara dos Deputados, o pernambucano Wolney Queiroz, por meio das redes sociais e confirmada em entrevista à Rádio Jornal, nesta terça-feira (9).

“Por maioria, decidimos mudar a posição da bancada na votação em segundo turno da PEC 23. A decisão se deu em nome da preservação da nossa unidade partidária”, escreveu o parlamentar pedetista no Twitter.

Apesar do reposicionamento, Wolney afirmou à Rádio Jornal que o PDT ainda deve dar votos pela aprovação da PEC. "A maioria estará votando contra a PEC, mas temos casos específicos, três ou quatro deputados que já estão de saída do partido. Esses tendem a votar contra a orientação partidária", disse Queiroz.

"Os demais devem seguir a posição da bancada, mas isso só poderemos confirmar quando o painel de votação for aberto, nos dando certeza dos votos de cada um", emendou.

Revolta de Ciro e reação da bancada

A taxa elevada para um partido de oposição gerou revolta nas redes sociais e no pré-candidato à presidência pelo partido, Ciro Gomes, que suspendeu a candidatura até que os votos fossem revertidos.

A decisão de Gomes gerou reação na bancada, que foi pega de surpresa. Na quinta (4), o líder Wolney enviou um ‘textão’ no grupo de WhatsApp da bancada para reagir à ameaça de Ciro Gomes.

“Importante ressaltar uma coisa: a votação dessa PEC 23 era assunto predominante nos noticiários em todas as TVs, portais, blogs e jornais do Brasil. A imprensa especializada já anunciava que PDT e PSB poderiam votar a favor da PEC. Apesar disso, não recebi do presidente Ciro um telefonema, um e-mail, uma mensagem, um recado. Nada. Rigorosamente nenhuma orientação”, reclamou Wolney, em um texto de mais de 40 linhas enviado aos seus correligionários.

REPRODUÇÃO/FACEBOOK WOLNEY QUEIROZ
Deputado estadual Zé Queiroz, ex-governador Ciro Gomes e deputado federal Wolney Queiroz - REPRODUÇÃO/FACEBOOK WOLNEY QUEIROZ

No dia seguinte, Wolney também desmentiu o pai, o deputado estadual José Queiroz (PDT), que em debate na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) com o colega bolsonarista Alberto Feitosa (PSC) justificou que o filho não seria favorável à PEC, mas, como líder, precisou seguir a decisão da maioria de sua bancada.

Túlio e outros ameaçam deixar PDT

Três integrantes do PDT ameaçaram deixar o partido caso a sigla mantivesse seu posicionamento a favor da PEC dos Precatórios. O movimento é capitaneado pelo deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE), um dos seis parlamentares que votou contra o texto, e conta com o apoio do deputado estadual Goura Nataraj (PDT-PR) e da vereadora Duda Salabert, a mais votada da história de Belo Horizonte. 

No documento, intitulado “Por um PDT que honre suas lutas e raízes”, Gadêlha e os dois colegas de partido fazem uma série de críticas à proposta que adia o pagamento de dívidas da União reconhecidas pela Justiça, altera o teto de gastos e abre um espaço fiscal de aproximadamente R$ 91 bilhões, que permitirá ao governo federal viabilizar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

Em outro trecho, os três pedetistas afirmam que a permanência na sigla estará ameaçada “caso a bancada do PDT mantenha os votos favoráveis à PEC dos Precatórios”.

“Filiamo-nos no PDT por causa de suas raízes, por causa do trabalhismo, por causa de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Mário Juruna, Lélia Gonzalez, Francisco Julião, Manoel Dias, entre outras figuras importantes que por ele passaram e que nos são referência. É irrefutável o papel que o PDT teve na construção da democracia brasileira e na luta pela justiça social no país. Mas essa história não pode ser reduzida a quadros na parede", justificam.

"Essa tradição só faz sentido político se ela se atualiza e se vivifica nos sujeitos políticos de agora. Nesse sentido, assim como Ciro Gomes suspendeu sua pré-candidatura à Presidência como forma de apelo para que parlamentares do PDT mudem sua posição em relação à PEC dos Precatórios, entendemos que nossa permanência no partido será também repensada caso a bancada do PDT mantenha os votos favoráveis à PEC dos Precatórios. Tornamos pública essa posição crítica por entender os riscos que dessa PEC para o país”, completam.

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