Sérgio Camargo quer mudar nome da Fundação Palmares para Princesa Isabel: 'Dever moral dos negros livres do Brasil'
Segundo Camargo, a mudança no nome da instituição foi um compromisso assumido por ele ao assumir a presidência da fundação em 2019
A Fundação Palmares, criada para preservar a memória e fomentar direitos de acesso à cultura afro-brasileira, poderá ter seu nome alterado em breve. Foi o que defendeu, por meio das redes sociais, o atual presidente da instituição, Sérgio Camargo. Pela proposta do gestor, conhecido por suas posições de extrema-direita, a fundação passaria a se chamar Princesa Isabel.
Bolsonarista, Camargo garantiu também que “de qualquer forma a imagem dela será destacada na nova sede da instituição, que logo será reformada”.
“Fundação Princesa Isabel, mais do que reconhecimento, seria um dever moral dos negros livres do Brasil. A questão será seriamente estudada por mim no retorno das férias, dia 22”, publicou.
- Sérgio Camargo diz que homem morto em supermercado "não representa pretos honrados"
- Diretores da fundação Palmares pedem demissão e criticam Sérgio Camargo
- Deputados entraram com ação popular no MPF contra Sergio Camargo, da Fundação Palmares
- MPT pede afastamento imediato de Sérgio Camargo da presidência da Fundação Palmares por suposto assédio moral
- Justiça afasta Sérgio Camargo da gestão de pessoal da Fundação Palmares
- Sérgio Camargo ironiza ordem de juiz: "vai ter tortura, sim"
Camargo falou sobre o assunto durante o 2º Congresso Conservador Liberdade e Democracia, que ocorreu em Florianópolis (SC). Posando ao lado do ativista pela restauração da monarquia brasileira Bertrand Maria José de Orléans e Bragança, descendente da família imperial, o presidente da Fundação Palmares afirmou que ambos fariam uma homenagem à princesa no evento. O 14 de novembro marca os 100 anos da morte da princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea.
Em uma série de publicações, Camargo ainda ataca o 20 de novembro e reiteradas vezes a imagem de Zumbi dos Palmares, referência que dá nome à instituição a qual preside. “A Princesa Isabel libertou os negros. O movimento negro os degrada e escraviza”, escreveu.
“A era da reafricanização e do senzalismo acabou na Palmares. Aceitem e criem a própria fundação vitimista, com recursos do movimento negro, que não trabalha e nada produz”, acrescentou.
'Compromisso'
Camargo voltou as redes na manhã desta terça-feira (16) para afirmar que a mudança no nome da instituição foi um compromisso assumido por ele ao assumir a presidência da fundação em 2019.
No Twiter, ele publicou uma captura de tela com a seguinte legenda: "Trecho do projeto de gestão que apresentei ao governo federal, em novembro de 2019, após aceitar o convite para presidir a Fundação Cultural Palmares. Reavaliar o nome da instituição é, desde o início, um dos compromissos assumidos por mim. Bandera de Brasil."