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Bolsonaro se filia ao Partido Liberal de olho nas eleições 2022

Após a cerimônia, à qual a imprensa não teve acesso, Bolsonaro se dirigiu a alguns seguidores que se reuniram em frente ao hotel em Brasília: "O que queremos é continuar o que fizemos desde janeiro de 2019, mudar o destino do Brasil, cada vez mais defendendo a família, aquelas pautas do conservadorismo"

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AFP

Publicado em 30/11/2021 às 15:26 | Atualizado em 30/11/2021 às 19:01
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O presidente Jair Bolsonaro ingressou no Partido Liberal (PL), de direita, nesta terça-feira (30), com os olhos na reeleição em 2022, embora não tenha anunciado sua candidatura por enquanto.

"Não estamos aqui lançando ninguém a cargo nenhum. É um evento simples, mas de muita importância: a filiação, que é uma passagem para que nós possamos pleitear algo lá na frente", declarou o presidente em um hotel em Brasília, diante de centenas de personalidades e futuros colegas de partido, muitos deles sem máscara.

Após a cerimônia, à qual a imprensa não teve acesso, Bolsonaro se dirigiu a alguns seguidores que se reuniram em frente ao hotel em Brasília: "O que queremos é continuar o que fizemos desde janeiro de 2019, mudar o destino do Brasil, cada vez mais defendendo a família, aquelas pautas do conservadorismo."

Bolsonaro, que por diversas vezes afirmou que pretende concorrer nas eleições de outubro de 2022, tem quase um ano para reverter um quadro complicado, dada a sua baixa popularidade, uma economia em crise e a perspectiva de enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favorito nas pesquisas.

Bolsonaro, de 66 anos, estava sem partido desde que rompeu com o Partido Social Liberal (PSL), há dois anos, com o qual venceu as eleições presidenciais de 2018.

Além do presidente, um de seus três filhos que atuam na política, o senador Flávio Bolsonaro, também ingressou no PL.

O partido, que tem entre seus membros o ex-jogador e senador Romário e o deputado e palhaço Tiririca, é a nona legenda de Bolsonaro desde que ele iniciou sua carreira política há mais de três décadas.

A popularidade do presidente caiu para 22%, o nível mais baixo desde o início de seu mandato, devido ao gerenciamento caótico da pandemia, que já registra quase 615 mil mortos, além de altos níveis de inflação e desemprego.

Ademais, ele acumula mais de cem pedidos de impeachment no Congresso e tem cinco investigações abertas contra si no Supremo Tribunal Federal e na Justiça Eleitoral.

Nas pesquisas, ele aparece como perdedor em um eventual cenário contra Lula, 76, que planeja anunciar no início do ano que vem se disputará um terceiro mandato.

Em sua recente viagem pela Europa, Lula foi recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, pelo chefe de governo da Espanha, Pedro Sánchez, e pelo futuro chanceler alemão, Olaf Scholz.

"É cedo ainda. Há muita coisa para acontecer. A popularidade do Bolsonaro está baixa, mas ele continua sendo uma figura forte", disse à AFP Edson Sardinha, diretor de redação do site Congresso em Foco.

"Agora tem um partido mais forte que terá bons recursos do fundo eleitoral e muito tempo de propaganda na televisão. Também tem o talão de cheques e ainda há muito antilulismo", acrescentou.

No que já são consideradas as eleições mais polarizadas da história do Brasil, vários candidatos tentarão se posicionar como uma 'terceira via', entre eles o governador de São Paulo, João Doria, do Partido Social-Democrata Brasileiro (PSDB), de centro-direita, e o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro, Sergio Moro, ícone da operação Lava Jato que prendeu Lula, recentemente filiado ao centrista Podemos.

Com 43 deputados (de 513) e 4 senadores (em 81), o PL é um dos principais agrupamentos do chamado "centrão", bloco do qual depende, em grande parte, a governabilidade no Brasil e ao qual Bolsonaro tem dado espaço, após chegar ao poder com um discurso contra "a velha política", frequentemente associada a escândalos de corrupção.

Aliás, o presidente do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, foi condenado a sete anos de prisão em 2013 por envolvimento no escândalo do 'Mensalão', uma milionária contabilidade ilegal atribuída ao PT para comprar o apoio de parlamentares e descoberta em 2005.

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