REUNIÃO

Brasil vai presidir cúpula do Mercosul em formato virtual

A decisão se deve à variante ômicron do coronavírus e a um suposto mal-estar no governo de Jair Bolsonaro devido à participação do ex-presidente Lula, em um evento em Buenos Aires

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AFP

Publicado em 09/12/2021 às 18:24 | Atualizado em 09/12/2021 às 18:47
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O Brasil decidiu realizar em formato virtual a cúpula do Mercosul, inicialmente planejada com a presença dos presidentes do bloco no dia 17 de dezembro em Brasília, informou nesta quinta-feira(9) o Itamaraty, sem especificar os motivos da mudança.

Tanto a reunião de ministros como a do presidente "serão realizadas por videoconferência nos dias 16 e 17 de dezembro, respectivamente", informou a chancelaria em nota enviada à AFP.

Citando fontes oficiais anônimas, a imprensa indicou que a decisão se deve à variante ômicron do coronavírus e a um suposto mal-estar no governo de Jair Bolsonaro devido à participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um evento nesta sexta-feira em Buenos Aires com o presidente Alberto Fernández e a vice-presidente Cristina Kirchner.

A porta-voz da Presidência argentina, Gabriela Cerruti, descartou que a medida se deva à visita de Lula, quando consultada sobre o assunto por jornalistas na Casa Rosada.

"Não, entendemos que não existe relação. O anúncio da chancelaria brasileira foi clara no sentido de que tem a ver com a presença da nova variante da covid e que temos que ter cuidados sanitários extremos", afirmou Cerruti.

O Brasil, que detém a presidência temporária do Mercosul, registra pelo menos seis casos da variante ômicron, dois deles em Brasília.

"As relações com o Brasil são excelentes e esperamos que continuem se aprofundando", disse Cerruti.

Lula, que definirá no início de 2022 se será adversário de Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro, participará nesta sexta-feira das comemorações pelos 38 anos do retorno à democracia na Argentina e o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Cerruti destacou a amizade "histórica" do ex-presidente com "Fernández, Kirchner e o povo argentino".

O Mercosul vive uma de suas maiores crises em seus 30 anos de existência.

O desejo de flexibilização, principalmente do Brasil e do Uruguai, em busca de uma maior integração à economia global, esbarrou na relutância da Argentina, causando grandes tensões entre os parceiros deste bloco que o Paraguai completa nos últimos meses.

Em 5 de novembro, o Brasil anunciou a redução de 10% nas tarifas de suas importações na tentativa de conter a inflação, mas sem o apoio de todos os membros do Mercosul, conforme estabelece seu regimento interno.

Dois meses antes, o Uruguai anunciou o início das negociações com a China para um possível acordo bilateral de livre comércio, contrariando uma decisão do bloco do ano 2000 segundo a qual os sócios deveriam ter o consentimento de suas contrapartes para selar negociações com terceiros países.

 

 

 

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