PANDEMIA

Bolsonaro sugere que ômicron é ''bem-vinda'', e recebe resposta da OMS

Presidente afirmou que, "segundo pessoas estudiosas e sérias", a chegada da nova variante é um bom sinal

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Estadão Conteúdo

Publicado em 12/01/2022 às 14:50 | Atualizado em 12/01/2022 às 17:00
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu nesta quarta-feira (12) que a variante ômicron é "bem-vinda". Em entrevista ao jornal Gazeta Brasil, o presidente minimizou os efeitos da nova variante, alegando que embora seja mais contagiante, não traz graves problemas. 

"Ômicron, que já espalhou pelo mundo todo, como as próprias pessoas que entendem de verdade dizem: que ela tem uma capacidade de difundir muito grande, mas de letalidade muito pequena", disse Bolsonaro, durante a entrevista.

O presidente continuou: "Dizem até que seria um vírus vacinal. Deveriam até... Segundo algumas pessoas estudiosas e sérias, e não vinculadas a farmacêuticas, dizem que a ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia".

Autoridades da Organização Mundial de Saúde (OMS) foram questionadas ainda nesta quarta-feira (12), durante entrevista coletiva virtual, sobre as declarações do presidente Jair Bolsonaro.

O Diretor executivo da OMS, Mike Ryan disse que não havia visto as declarações, mas reafirmou que a ômicron de fato é "menos severa, mas isso não significa que esta é uma doença leve".

Ryan reafirmou declarações feitas pelo diretor-geral da OMS sobre a gravidade da doença. "Há muitas pessoas pelo mundo em UTIs, em ventiladores, tentando conseguir fôlego no oxigênio, o que deixa claro que esta não é uma doença leve", disse o diretor executivo.

Segundo Ryan, a doença é sim potencialmente evitável, com vacinação e também medidas de prevenção, como o uso de máscaras. "Este não é o momento de declarar que este é um vírus bem-vindo. Nenhum vírus que mata pessoas é bem-vindo, especialmente quando em grande medida essas mortes e esse sofrimento são evitáveis com medidas apropriadas e vacinação", afirmou ele, para em seguida repetir que não tinha notícia sobre nenhuma declaração específica nesse sentido e apenas reafirmava a postura da entidade no caso.

Opas

A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, disse hoje que o coronavírus atingiu níveis de transmissão "nunca vistos antes" nesta pandemia. Quase 300 milhões de pessoas já foram infectadas com a covid-19 no mundo, informa a diretora.

"Na última semana, o número de infecções de covid-19 quase dobrou nas Américas, subindo de 3,4 milhões em 1º de janeiro para 6,1 milhões em 8 de janeiro", afirmou Etienne. Houve um salto de 250% de aumento de casos em comparação com o mesmo período do ano passado, informa a Opas.

Etienne pontuou que, na América do Sul, Bolívia, Equador, Peru e Brasil têm lidado com alta significativa de casos. "As hospitalizações também estão aumentando em todo o Brasil, particularmente em Estados densamente povoados nas regiões central e leste do país", disse.

O gerente de incidentes para covid-19 da Opas, Sylvain Aldighieri, disse que a Delta ainda é a variante predominante nas Américas hoje. No entanto, nas próximas semanas, a Ômicron deve se tornar a cepa principal.

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