ELEIÇÕES

Ao colar Danilo Cabral em Lula, PSB esquece discurso antipetista de 2020

Na última eleição, João Campos associou o PT à corrupção e disse que a direção nacional da sigla queria mandar no Recife

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Cássio Oliveira, Paulo Veras

Publicado em 21/02/2022 às 20:10 | Atualizado em 23/02/2022 às 10:28
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A estratégia do PSB de colar a imagem do pré-candidato ao governo Danilo Cabral (PSB) no ex-presidente Lula (PT) mostra uma guinada em relação à posição da sigla em Pernambuco, ao menos em relação às eleições de 2020. Naquele ano, o então candidato João Campos (PSB) foi para o segundo turno na Capital contra a prima Marília Arraes (PT) e apostou no antipetismo para conquistar o voto da direita.

Durante um dos debates promovidos pela TV Jornal, ao ser questionado sobre operações policiais envolvendo gestões do PSB, João disparou contra Marília: “É de causar estranheza, uma candidata do PT falando de corrupção”.

Dias depois, no debate da Globo, o candidato do PSB voltou a apostar no antipetismo, dessa vez direcionado aos caciques da sigla. "O seu partido aqui não queria sua candidatura, ela foi construída em São Paulo e, por isso, o sonho da vitória no Recife, para que todos os figurões nacionais possam vir para o Recife", atacou. Na época, cartazes apócrifos circulavam pela cidade afirmando que, se Marília fosse eleita, Lula e outros dirigentes do PT viriam "para o Recife" governar junto com ela. A campanha de Campos sempre negou a autoria do material.

No lançamento de Danilo, João foi um dos que ressaltou essa ligação com o petismo, em busca de favorecer Danilo. Segundo o prefeito, o PSB será o primeiro grande partido a declarar apoio à candidatura presidencial de Lula neste ano. Indagado sobre a relação com o PT após os vastos ataques proferidos em 2020, o socialista disse que é preciso olhar para a frente.

"Tivemos a oportunidade de disputar e sobretudo ganhar as eleições a gente é grato à generosidade do povo recifense e a gente tem que aprender que depois da eleição os palanques devem ser desmontados, o Brasil está vendo como é grave deixar um palanque armado por quatro anos. O presidente Bolsonaro ganhou a eleição e passa quatro anos seguidos achando que todo dia é dia de eleição", disse João. "Então, a gente faz política olhando para frente e pensando sobretudo no povo, não apenas em interesses individuais ou partidários", completou o prefeito.

Aproximação

Com o PT buscando apoios para a candidatura de Lula à Presidência, as arestas entre os partidos começaram a ser aparadas. Em agosto passado, o ex-presidente teve uma rodada de reuniões no Recife com objetivo de selar a paz entre as legendas.

E o movimento parece ter gerado frutos. Tanto que petistas, antes críticos ao PSB, estiveram presentes no lançamento da pré-candidatura de Danilo. É o caso da deputada Teresa Leitão. Em 2020, em entrevista concedida à CBN Recife, a parlamentar explicou que a relação entre o PT e o PSB após a intensa disputa eleitoral pela Prefeitura do Recife seria complicada. Segundo Teresa, na época, a atitude do PSB durante a campanha eleitoral, repleta de ataques, deixou feridas abertas. “Não dá para a gente conviver com um partido que fez o nível de ataques que a campanha de João Campos fez ao PT. É impossível, dentro da dignidade política, uma convivência política com esse partido”, afirma a deputada.

Agora, ela explica que a aliança se dá em 2022 por conta do apoio a Lula. "No processo de aliança nacional em torno da candidatura do presidente Lula, com apoio do PSB, se passou a discutir os palanques estaduais, em alguns estados será possível manter a aliança nacional, em outros não. Aqui em Pernambuco houve um movimento no sentido de se repetir o palanque nacional", disse.

Idas e vindas

Em 2006, o PT lançou Humberto Costa contra Eduardo Campos. O petista não conseguiu avançar ao segundo turno e viu o candidato do PSB vencer as eleições. Quatro anos depois, em 2010, o PT integrou a Frente Popular, participou da reeleição de Eduardo e Humberto se elegeu senador da República na chapa.

Já em 2014, o PSB rompe com o PT, visto que Eduardo se lançou à Presidência da República ao invés de apoiar Dilma Rousseff, do PT. A decisão teve repercussão em Pernambuco e os petistas decidiram sair da Frente Popular e apoiaram Armando Monteiro (PTB), mas ele acabou sendo derrotado por Paulo Câmara (PSB).

Chegamos a 2018, Humberto volta à Frente Popular, leva parte do PT e outra parte, liderada por Marília Arraes, questiona o apoio. Porém, por conta de um pacto nacional os petistas não lançam candidatura a governador e reelegem Humberto senador no mesmo palanque de Paulo Câmara.

 

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