Eleições 2022

Gleisi Hoffman reforça apoio do PT a Danilo Cabral (PSB): ''Contem com o Partido dos Trabalhadores''

PT e PSB estarão juntos mais uma vez disputando o Governo de Pernambuco

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Cássio Oliveira

Publicado em 21/02/2022 às 18:47 | Atualizado em 23/02/2022 às 10:32
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O Partido dos Trabalhadores estará mais uma vez em um palanque ao lado do PSB disputando o Governo de Pernambuco. Em uma relação cheia de idas e vindas, os partidos selaram acordo de apoio mútuo - em Pernambuco e em âmbito nacional - para o pleito de 2022.

Nesta segunda-feira (21), a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann reforçou esse apoio do partido a Danilo Cabral (PSB) para governador de Pernambuco. ''Contem com o Partido dos Trabalhadores. Estamos juntos nessa caminhada. Sucesso, Danilo'', afirmou Gleisi em vídeo reproduzido no lançamento da pré-candidatura do socialista ao governo estadual.

"Não podia deixar aqui de fazer um cumprimento especial aos companheiros e companheiras do PSB, que oferecem o nome de Danilo como pré-candidato a governador. É muito importante esse momento. Mostra a capacidade das forças políticas de Pernambuco de se articular. Essas forças têm uma grande responsabilidade com o povo brasileiro, a unidade para dar sustentação à candidatura do presidente Lula", concluiu Gleisi.

O PT levantou a possibilidade de lançar o senador Humberto Costa a governador, mas abriu mão da candidatura e, agora, cobra a vaga ao Senado na Frente Popular. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, fez, inclusive, um agradecimento especial a Humberto Costa e destacou a união entre PSB e PT. "Fiquei muito feliz que, além de todos os partidos, o PT tenha decidido integrar essa frente. São companheiros importantes. Não só porque estaremos juntos aqui em Pernambuco, mas estaremos juntos em todo o País. Em torno de Lula presidente da República", comentou.

Segundo Humberto, o PT deu uma demonstração de "compromisso" com a unidade política das forças progressistas em Pernambuco. "Nos somamos a Frente Popular para dar apoio ao candidato Danilo Cabral. Fazemos isso por Pernambuco, mas também pelo Brasil. Por Pernambuco, para dar seguimento ao projeto da Frente Popular, um projeto histórico, que mudou Pernambuco do ponto de vista político, econômico e social. Mas também para que possamos resgatar para o Brasil um projeto político importante para resgatar milhões de pessoas que estão excluídas da política, da cidade. O gesto do PT de retirar uma candidatura viável foi feito em nome dessa unidade e para juntarmos forças para, de modo definitivo, derrotarmos esse governo que nos envergonha e que conseguiu trazer de volta a fome, a inflação, o desemprego e o aumento da desigualdade e da miséria", disse.

Vaga ao Senado

Na chapa da Frente Popular, os petistas tratam como prego batido, ponta virada a vaga para o Senado e realizarão uma reunião, nesta terça-feira (22) para começar a discutir um nome a ser indicado. "Teremos reunião do GTE e vamos ter reunião do diretório para decidir (o nome ao Senado). Quando decidir, o PT vem inteiro com seu nome pro Senado", disse o deputado federal Carlos Veras.

Outros partidos pleiteiam a vaga dentro da Frente Popular, mas Veras diz ser um pleito legítimo do PT. "O PT tem prazo para fechar a decisão (do nome ao Senado) não quero antecipar nada porque temos um presidente estadual, Doriel Barros, que está conduzindo brilhantemente o processo, mas acredito que até a primeira quinzena de março a gente tem definido o nome. Já definimos que a vaga reivindicada é do partido para o Senado e os outros partidos compreendem, compreendem a importância de ter o Partido dos Trabalhadores, o partido abriu mão da candidatura ao Governo do Estado para apoiar a candidatura de Danilo Cabral, do PSB, os outros partidos entendem como um gesto grandioso do senador Humberto Costa, do PT, de Lula e que a vaga do Senado é prerrogativa de indicação do PT", disse.

A deputada estadual Teresa Leitão seguiu na mesma linha. "O PT não colocou condicionantes, a volta à Frente Popular é decorrente da aliança nacional, o que colocamos com sinceridade para o PSB, com desejo que a condução do processo por parte do governador Paulo Câmara também expresse isso a outros partidos da frente, com todo respeito às outras pré-candidaturas ao Senado, é que nós gostaríamos de ocupar essa vaga. Achamos que isso reforça o palanque de Lula. Felizmente, o candidato a governador Danilo Cabral tem feito com muita ênfase essa defesa de que aqui é o palanque de Lula, maior eleitor de Pernambuco, acho que estarmos no Senado ajuda o eleitor a fazer essa leitura, esse link, porque um senador ou senadora atua para o Estado, ajudando o governador, e atua para a República, ajudando o presidente, foi essa síntese que apresentamos, estamos no aguardo interno do PT para definir quem será o nome e nas articulações com os outros partidos", disse.

Presidente do PT em Pernambuco, o deputado estadual Doriel Barros confirmou a reunião para esta terça, mas disse que ainda é o início do diálogo. "A partir de amanhã já teremos uma primeira reunião para começar a discutir quais serão os critérios para a gente poder organizar e ver uma data para a definição do nome que nós vamos apresentar à Frente Popular. Amanhã, vai ser a primeira reunião que vamos fazer o calendário. Falei com Silvinho (Sílvio Costa Filho), marquei reunião com ele para dialogar sobre isso. André de Paula estou marcando para conversar também, mas vamos conversar com todos". André (PSD) e Sílvio (Republicanos), citados por Doriel, também estão de olho na vaga ao Senado.

Lados opostos

Em 2020, o PT e o PSB estiveram em lados opostos na eleição municipal com João Campos vencendo Marília Arraes em uma campanha recheada de ataques. Porém, com o PT buscando apoios para a candidatura de Lula à Presidência, as arestas entre os partidos começaram a ser aparadas. Em agosto passado, o ex-presidente teve uma rodada de reuniões no Recife com objetivo de selar a paz entre as legendas.

E o movimento parece ter gerado frutos. Tanto que petistas, antes críticos ao PSB, estiveram presentes no lançamento da pré-candidatura de Danilo. É o caso da deputada Teresa Leitão. Em 2020, em entrevista concedida à CBN Recife, a parlamentar explicou que a relação entre o PT e o PSB após a intensa disputa eleitoral pela Prefeitura do Recife seria complicada. Segundo Teresa, na época, a atitude do PSB durante a campanha eleitoral, repleta de ataques, deixou feridas abertas. “Não dá para a gente conviver com um partido que fez o nível de ataques que a campanha de João Campos fez ao PT. É impossível, dentro da dignidade política, uma convivência política com esse partido”, afirma a deputada.

Agora, ela explica que a aliança se dá em 2022 por conta do apoio a Lula. "No processo de aliança nacional em torno da candidatura do presidente Lula, com apoio do PSB, se passou a discutir os palanques estaduais, em alguns estados será possível manter a aliança nacional, em outros não. Aqui em Pernambuco houve um movimento no sentido de se repetir o palanque nacional", disse.

João Campos, prefeito do Recife, também foi indagado sobre a relação com o PT após os vastos ataques proferidos em 2020. "Tivemos a oportunidade de disputar e sobretudo ganhar as eleições a gente é grato à generosidade do povo recifense e a gente tem que aprender que depois da eleição os palanques devem ser desmontados, o Brasil está vendo como é grave deixar um palanque armado por quatro anos. O presidente Bolsonaro ganhou a eleição e passa quatro anos seguidos achando que todo dia é dia de eleição", disse. "Então, a gente faz política olhando para frente e pensando sobretudo no povo, não apenas em interesses individuais ou partidários", completou.

Idas e vindas

Em 2006, o PT lançou Humberto Costa contra Eduardo Campos. O petista não conseguiu avançar ao segundo turno e viu o candidato do PSB vencer as eleições. Quatro anos depois, em 2010, o PT integrou a Frente Popular, participou da reeleição de Eduardo e Humberto se elegeu senador da República na chapa.

Já em 2014, o PSB rompe com o PT, visto que Eduardo se lançou à Presidência da República ao invés de apoiar Dilma Rousseff, do PT. A decisão teve repercussão em Pernambuco e os petistas decidiram sair da Frente Popular e apoiaram Armando Monteiro (PTB), mas ele acabou sendo derrotado por Paulo Câmara (PSB).

Chegamos a 2018, Humberto volta à Frente Popular, leva parte do PT e outra parte, liderada por Marília Arraes, questiona o apoio. Porém, por conta de um pacto nacional os petistas não lançam candidatura a governador e reelegem Humberto senador no mesmo palanque de Paulo Câmara.

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