Arthur do Val, o ''Mamãe Falei'', renuncia ao cargo de deputado estadual
Mesmo renunciando, ele ainda pode ficar inelegível por oito anos
O deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), conhecido como Mamãe Falei, decidiu renunciar ao mandato nesta quarta-feira (20).
Arthur é alvo de processo de cassação na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Ele deve pretende protocolar o pedido até o final da tarde.
Mesmo renunciando, processo na Alesp seguirá e pode torná-lo inelegível por oito anos.
O deputado será julgado por quebra de decoro parlamentar em razão de falas sexistas sobre mulheres ucranianas.
Nas últimas semanas, Arthur e aliados do MBL (Movimento Brasil Livre) têm criticado o encaminhamento dado ao caso pelos deputados.
Eles defendem que Do Val não deveria ser cassado, ainda que suas atitudes tenham sido dignas de repúdio, e que ele está sendo perseguido por suas posições políticas e por ter conseguido a aprovação de medidas impopulares na Alesp.
"Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições", disse do Val em nota divulgada no início da tarde.
"Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política. Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos.”
Áudios
O processo pedindo a cassação de Arthur do Val foi aprovado no Conselho de Ética da Alesp no último dia 12 de abril.
O processo teve início após a divulgação de áudios machistas sobre refugiadas ucranianas durante viagem para suposta ajuda humanitária ao país.
Nos áudios, que teriam sido enviados para um grupo de amigos do parlamentar, há declarações machistas e misóginas.
“São fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’. É inacreditável a facilidade. Essas 'minas' em São Paulo você dá bom dia e ela ia cuspir na sua cara e aqui são super simpáticas", disse ele.
Após o vazamento dos áudios, o deputado estadual disse que "houve um mal entendido" e que as "pessoas estão misturando os áudios com outro contexto".
"Foi errado o que eu falei, não é isso que eu penso. O que eu falei foi um erro, em um momento de empolgação", disse ele.
Em seguida, o deputado gravou um vídeo no qual declarou que suas frases foram "machistas" e "escrotas" e afirmou que se comportou "como um moleque" ao responder a perguntas de amigos em um grupo de conversas entre parceiros do futebol.