Machismo, transfobia, assédio sexual e áudios sexistas. Como a Alesp virou a casa dos escândalos
Nesta terça-feira (7), o Conselho de Ética do Parlamento pode decidir pela cassação de três deputados, Wellington Moura, Gilmaci Santos e Douglas Garcia, responsáveis por declarações preconceituosas contra colegas deputadas
Casa Legislativa do Estado mais populoso do Brasil, São Paulo, a Alesp tem sido, ao longo dos últimos meses, alvo frequente de escândalos sexuais e falas machistas e transfóbicas. Nesta terça-feira (7), o Conselho de Ética do Parlamento pode decidir pela cassação de três deputados, Wellington Moura (Republicanos), Gilmaci Santos (Republicanos) e Douglas Garcia (PTB), responsáveis por declarações preconceituosas contra colegas.
As falas que serão analisadas hoje são todas do dia 17 de maio, data em que os deputados estaduais debateram a cassação do hoje ex-deputado Arthur do Val, autor de falas machistas contra mulheres ucranianas. Na ocasião, a deputada Mônica Seixas (PSOL) tornou-se alvo dos deputados Gilmaci Santos e Wellington Moura, enquanto Erica Malunguinho recebeu ataques transfóbicos de Douglas Garcia.
No caso de Mônica Seixas, que é negra, ela ouviu de Moura que o deputado colocaria um "cabresto" - arreio usado para prender ou controlar animais - na sua boca. No passado, o instrumento também era usado contra escravos.
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A parlamentar pediu a cassação do deputado e protocolou uma representação criminal contra ele na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), segundo o UOL. Mônica alegou que o colega cometeu injúria racial.
Neste mesmo dia, a deputada também foi atacada por Gilmaci Santos, que a chamou de "louca" e colocou o dedo no seu nariz. Mônica também mencionou Santos no boletim de ocorrência registrado no Decradi. As ofensas teria como plano de fundo um afastamento que a deputada precisou fazer no ano de 2021 para se tratar de um quadro depressivo.
Primeira mulher trans a ser eleita para uma vaga na Alesp, Erica malunguinho teve de ouvir do deputado Douglas Garcia que ela é violenta com as mulheres por "se achar mulher". O parlamentar sequer reconheceu o erro e ainda fez piada sobre o caso nas suas redes sociais.
Mamãe Falei e Fernando Cury
Em maio, a Alesp cassou o mandato de Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, por falas machistas contra mulheres ucranianas. Com a decisão da Casa, o integrante do MBL fica inelegível por 8 anos.
Após o início da Guerra da Ucrânia, Do Val viajou até a fronteira daquele país para, segundo ele, prestar apoio aos refugiados. Em áudios vazados, porém, o ex-deputado afirmava que as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres".
O deputado Fernando Cury (União Brasil), por sua vez, teve o mandato suspenso por seis meses após apalpar a deputada Isa Penna (PCdoB) durante sessão plenária. Após este episódio, durante entrevista a um podcast, o deputado Delegado Olim (PP) declarou que a parlamentar teve "sorte" em ser assediada.