Eleições 2022

'Aborto é decisão da mulher', diz Luciano Bivar, pré-candidato a presidente

Bivar também disse que Bolsonaro não fez nada no seu governo

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Cássio Oliveira

Publicado em 21/06/2022 às 10:22 | Atualizado em 21/06/2022 às 10:27
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Com informações do Estadão Conteúdo

Pré-candidato a presidente da República, o deputado federal Luciano Bivar (União Brasil) concedeu entrevista ao Estadão e falou sobre diversos temas, como terceira via, aborto, Petrobras e outros.

Aos 77 anos, Bivar disse ter dúvidas se a candidatura de Simone Tebet (MS) será homologada pelo MDB e afirmou que depois do rompimento com o PSDB em nível nacional está disposto a negociar até com Fernando Haddad (PT) em São Paulo.

Sobre a questão do aborto, Bivar disse que seu partido, o União Brasil, é liberal na economia e nos costumes. "Queremos que os liberais sejam democratas. Aborto por exemplo é uma decisão da mulher. Milhares de mulheres morrem em abortos clandestinos."

Confira a entrevista de Luciano Bivar ao Estadão

Sua candidatura é somente para marcar posição ou é para valer?

Como é que a gente, que tem 56 deputados federais, 8 senadores, 13 candidatos a governador e a nossa logística toda de tempo de TV, vai entrar numa eleição para marcar posição? Temos 5 ex-ministros contribuindo para o nosso plano de governo. Qualquer analista primário vai entender que a candidatura é real e com condições de ganhar. Quando chegar o horário eleitoral, vamos ter o mesmo tempo de TV ou mais que os dois principais candidatos que estão aí.

O horário eleitoral pode quebrar a polarização?

A TV aberta será o grande canal para levar o nosso nome ao público. Estamos apostando tudo no conteúdo e nessa mídia. E o fundo eleitoral (do União Brasil) é o mais generoso. Somos o maior partido do País.

Será chapa pura? Procura uma mulher para ser vice?

Algumas mulheres colocaram seus nomes e eles estão sendo apreciados pela (executiva) nacional. A senadora Soraya Thronicke, a deputada Daiane Pimentel e a Rosângela Moro.

Em 2018, o PSL, que tinha dois deputados, deu um enorme salto após acolher Bolsonaro. O sr. tem gratidão ao presidente?

Quem procurou o PSL foi Bolsonaro. Tanto é que na primeira reunião que tive com ele eu disse que ele teria mais chance de ser eleito em outro partido, mas depois o Fernando Francischini me telefonou e disse que ele queria o PSL, que tem capilaridade em todo País. Bolsonaro é que tem que ter gratidão ao União Brasil.

Qual capilaridade? O PSL tinha só dois deputados em 2018

Tínhamos 27 diretórios, 1.800 vereadores, 120 deputados estaduais e mais de 80 prefeitos. Bolsonaro veio comungando com nossas ideias.

Líderes do União Brasil em São Paulo dizem que o partido vai apoiar Rodrigo Garcia, mas o sr. rompeu com o PSDB. Como será resolvido esse impasse?

Nós temos um candidato à Presidência no União Brasil. Como podemos estar (em SP) com um partido que tem outro candidato a presidente? É inexequível essa aliança.

Então o diretório nacional do União pode fazer uma intervenção em São Paulo?

Essa é uma questão muito localizada. Nosso problema é nacional. Quem decide essas coisas todas é a (executiva) nacional, sobre todos os Estados da federação. Todos os diretórios estaduais são provisórios.

Há veto do União ao PSDB em todos os Estados?

Nós temos um candidato nacional. Então todos (diretórios) têm que se adequar a isso. Quem apoiar outra candidatura (presidencial) torna inexequível estarmos juntos.

Se Rodrigo Garcia abrir o palanque para o sr. e Simone, o União pode apoiá-lo?

O Rodrigo precisa dizer que (o PSDB) não tem candidato à presidência da República. Não se trata de abrir (palanque) para mim.

O sr. conversou com Fernando Haddad em SP? Ele está no radar do União?

Tudo é recente. A gente estava com o PSDB, mas o PSDB saiu de nós. Então agora estamos abertos a conversar com outros candidatos.

Isso inclui o Haddad?

Com todos os candidatos.

O eleitor do União, um partido liberal, entenderia uma aliança com o PT em São Paulo?

O MDB não está conversando com o PT em vários Estados? E não está apoiando ostensivamente, como em Alagoas? Sendo assim, como o PSDB está com o MDB (nacionalmente)? É a mesma lógica. O União Brasil pode estar com algum candidato que esteja com o PT. O que mais importa pra nós é o espírito democrático. A democracia é o maior pilar. Sem democracia a gente não tem eleição. Queremos conversar com todos os partidos democráticos e que respeitam as instituições. Isso é o básico pra nós. O segundo pilar é o campo econômico.

Por que não deu certo a aliança com a Simone, sendo que o União estava na mesa de negociação da terceira via com o PSDB, MDB e Cidadania?

Essa versão não está correta. Quem trabalhou para criar uma candidatura única, que vocês chamam de terceira via, foi o União Brasil. Mais particularmente a minha pessoa. Eu procurei um e outro. Mas quando vimos que tanto o candidato do MDB quanto do PSDB não tinham o aval de suas direções nacionais, nós entendemos que seria difícil a gente continuar. Eu não vou esperar até agosto para o candidato deles não ser homologado. É como em uma maratona: faltando dez metros você tira a bola de ferro. Se em agosto ela (Simone) não for homologada a gente perde tudo isso.

Acha que existe esse risco no caso da Simone? O MDB diz que ela tem apoio da maioria dos diretórios...

Mas o histórico mostra que é diferente. Veja o caso de Antony Garotinho, que perdeu na convenção do MDB. Como vamos ficar dependendo disso? É um risco muito grande, principalmente nessa encruzilhada que está a República brasileira. Temos uma proposta econômica pronta, que é o imposto único.

Simone alimenta a esperança de unir o centro em torno de uma candidatura. Essa chance existe?

O União é muito grande para depender de algum partido. A gente tem luz própria. Como vou esperar até agosto para saber se ela vai ou não ser candidata? Fica muito delicado.

Simone se apresenta como a candidata do centro democrático..

Não sei por que se autointitular como representante do centro democrático. De 0 a 3 (nas pesquisas de intenção de voto) estão todos na margem de erro. Não tem por que se arvorar de ser o representante da terceira via.

Se eleito, o sr. revogaria alguma medida do governo Bolsonaro?

Tem muita coisa que precisa mudar nesse País. Bolsonaro não fez nada. Ficou dormindo esses três anos.

Defende a privatização da Petrobras?

A Petrobras é um bem do Estado, e como tal dever ser preservada. O liberalismo por si só não tem o poder de tomar conta dos bens do Estado. Mas ela tem que ter outros competidores. A Petrobras precisa criar um fundo social de amortecimento para acompanhar as variantes do mercado internacional. Não é por ser liberal que tem que privatizar tudo. As empresas que são rentáveis têm que permanecer.

Como será sua agenda em relação a pauta de costumes se for eleito?

O União Brasil é liberal na economia e nos costumes. Queremos que os liberais sejam democratas. Aborto por exemplo é uma decisão da mulher. Milhares de mulheres morrem em abortos clandestinos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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