Futuro do Metrô do Recife: "não podemos ficar só jogando a responsabilidade para os outros", diz Danilo Cabral
Danilo Cabral não descarta a possibilidade de discutir uma parceria entre o governo federal e estadual, desde que a conta da operação "não penalize Pernambuco"
Superlotação, atrasos constantes e cenas de vandalismos, têm se tornado cada vez mais comuns na rotina de quem depende do Metrô do Recife para se deslocar. Com veículos insuficientes para atender a demanda, ônibus e BRTs também seguem extremamente lotados e com atrasos.
Candidato a governador de Pernambuco pelo PSB, o deputado federal Danilo Cabral, foi questionado, durante sabatina do G1 Pernambuco, sobre qual seria sua proposta para melhoria dos serviços prestados pelo sistema metroviário que opera na Região Metropolitana do Recife.
“O que nós vimos no metrô, foi um esvaziamento da manutenção e de investimento operacional do metrô. Lá atrás (em 2014), o metrô também recebeu investimentos, onde foram compradas novas composições”, disse Cabral.
“O metrô tem 49 composições e dessas, 20 estão paralisadas. E a gente viu que, inclusive, houve um aumento da tarifa do metrô para R$ 4,15, mas estes recursos são foram reinvestidos no metrô, mas levados pelo governo federal para tapar buraco de contas públicas em outro canto”, declarou.
De acordo com o candidato a governador, é necessário equacionar o déficit operacional do sistema, que chega a casa dos R$ 400 milhões por ano. Apesar de destacar que o Metrô do Recife é de responsabilidade do governo federal, Danilo Cabral não descartou a possibilidade de voltar a ser discutida uma parceria entre a União e o Governo de Pernambuco.
“A gente pode até discutir uma parceria, porque é dever do Governo do Estado também dar a solução, e não podemos ficar só jogando responsabilidade para os outros. Agora, essa parceria tem que preservar também o equilíbrio operacional do metrô”, destacou Cabral.
RECUO DO GOVERNO DO ESTADO
Durante a sabatina, o parlamentar socialista recordou da proposta de transferência da responsabilidade de gestão para o Estado. No entanto, em maio, o próprio governador Paulo Câmara (PSB) confirmou que não daria continuidade ao processo de transferência do Metrô do Recife para a iniciativa privada.
Conforme informações publicadas pela coluna de Mobilidade, deste JC, na época, a administração estadual chegou a fazer um levantamento para dar base a proposta de uma concessão pública de 30 anos no valor de R$ 8,4 bilhões - desse quantitativo, R$ 3,8 bilhões seriam aportes financeiros públicos e, desse total, R$ 700 milhões seriam colocados pelo Poder Executivo.
No entanto, Paulo Câmara assumiu que o Estado não teria interesse em administrar o Metrô do Recife, mas que o faria para não ver o sistema ser destruído por completo. O diagnóstico, inclusive, foi realizado como uma forma de cobrança ao governo federal.
Para Danilo Cabral, que na entrevista disse que a proposta ainda estaria em discussão, esse debate sobre a estadualização do Metrô do Recife não é novo, mas o grande entrave é na conta da operação. “
“São R$ 400 milhões para você manter, fora o que precisa ser investido. Nós temos um sistema completamente sucateado, então essa conta precisa ser fechada de forma que não penalize também Pernambuco”, afirmou Danilo Cabral.
Ele também considera que, caso o ex-presidente Lula (PT) vença as eleições, a partir de 2023, o diálogo entre o governo estadual e federal possa se dar de forma mais transparente. “Será um governo mais produtivo que o do governo Bolsonaro”, disparou.
“Na minha posição, eu defendo que o governo (federal) permaneça e faça os investimentos. Se não for possível isso, que a gente faça um diálogo para que seja feita uma conta solidária e responsável, onde cada um possa pagar sua parte”, concluiu.