"Quem solicitou precisa dar explicação", diz Danilo Cabral sobre o orçamento secreto
Danilo Cabral ressalta que não há transparência quanto à liberação do dinheiro e os critérios de repasse do orçamento secreto
A menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições, no dia 2 de outubro, o candidato a governador de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), repisa a vinculação da candidata adversária Marília Arraes (Solidariedade) ao chamado "orçamento secreto", prática que tem sido condenada nos discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar de correligionários, parlamentares aliados e até mesmo prefeitos ligados a Danilo Cabral, também terem solicitados esse tipo de recurso, conforme levantamento feito pelo Jornal do Commercio, o deputado socialista afirmou que tem cobrado explicações de Marília Arraes por ela ser candidata a governadora.
"Repare o que aconteceu recentemente. Os recursos que estavam previstos para o (programa) Farmácia Popular no Brasil, R$ 2 bilhões, foram suprimidos para garantir recursos para o orçamento secreto. Ou seja, tiraram recursos do programa para distribuir com meia dúzia de parlamentares no Congresso”, disparou Danilo Cabral, durante sabatina na Rádio CBN Recife, nesta segunda-feira (19).
“Eu tô cobrando de Marília porque ela é candidata a governadora. É por isso que falei de Marília, como falei de Miguel (Coelho), como falo de Anderson (Ferreira). Quem solicitou precisa dar explicação", reforçou Danilo Cabral.
Ainda segundo o candidato, que é apoiado pelo governador Paulo Câmara (PSB) e pelo ex-presidente Lula, embora as pessoas possam identificar quais deputados cadastraram pedidos, não há transparência quanto à liberação do dinheiro e os critérios de repasse.
Foi preciso uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), através da ministra Rosa Weber, obrigando que o orçamento secreto se tornasse “minimamente transparente”, relembrou Danilo Cabral.
“Sequer se sabia quem pediu e se sabia se foi liberado o recurso. Esse acesso a saber quem requisitou foi fruto de uma determinação do STF. Mas o mesmo sistema não permite saber o que foi ou não liberado. Ou seja, ainda não está transparente. Eu não sei se foi liberado”, completou Danilo.
Além disso, o deputado federal do PSB diz que essa prática, no Congresso Nacional, também estaria servindo de instrumento para cooptação de deputados para votar a favor de projetos de interesse do bolsonarismo.
AUSÊNCIAS
Durante a sabatina na CBN Recife, Danilo Cabral também listou o que seria uma série de incoerências de Marília Arraes em relação a posições quanto à flexibilização do porte de armas, ao projeto de “fura-fila” da vacina da covid-19 por parte de empresários e a renegociação da dívida do Fies, por exemplo.
“Esse recurso, além de ser usado para o varejo dos deputados, foi usado para formar base e cooptar parlamentares, muitas vezes, para votar a favor de propostas que nem sempre respondem aos interesses da população. Coincidência ou não, cabe a Marília Arraes explicar, ela mudou de posição ou deixou de ter posição em alguns temas centrais mais alinhados ao Centrão e ao bolsonarismo.", disparou.
"Ela se ausentou da votação da flexibilização de armas, a principal pauta do bolsonarismo no Brasil. Coincidência ou não, Marília não participou. Ela se ausentou da votação do fura-fila da vacina. Coincidência ou não, Marília se ausentou. Teve a votação da renegociação do Fies. Coincidência ou não, Marília se ausentou”, enumerou Danilo Cabral.