Autor do voto de abertura do impeachment de Dilma, Bruno Araújo pode liberar apoio do PSDB a Lula
A Executiva Nacional tucana se reúne às 15h para decidir os rumos do partido no segundo turno de 2022. Decisão pode afetar diretamente a situação de Raquel Lyra em Pernambuco
O PSDB, um dos partidos que apoiaram a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) à Presidência da República, realiza nesta terça-feira (4), às 15h, uma reunião da Executiva Nacional para, segundo nota divulgada pela sigla, "se posicionar pela liberação de seus diretórios estaduais no segundo turno da eleição presidencial". Estão na segunda fase do pleito o ex-presidente Lula (PT), mais votado do primeiro turno, e Jair Bolsonaro (PL), atual chefe do Executivo federal.
O presidente nacional do PSDB é o ex-ministro pernambucano Bruno Araújo, que em 2016 foi o autor do voto de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
O Cidadania, que faz parte de uma federação com os tucanos, também vai se reunir hoje, ao meio-dia, para deliberar sobre o tema. Na última segunda (3), porém, o presidente nacional do partido, o também pernambucano Roberto Freire, registrou em comunicado oficial posicionamento favorável ao apoio da sigla ao candidato petista.
"Contra a descrença de muitos, nossa candidata, Simone Tebet, cumpriu o papel de discutir o Brasil e as soluções para os problemas que afligem os brasileiros: fome, desemprego, inflação alta, estagnação econômica, entre outros. Simone emerge como uma liderança nacional que terá voz ativa e participação nos processos decisórios que terão desenlace a partir desta terça-feira e se aprofundarão a partir de 31 de outubro de 2022. A Justiça Eleitoral e nossas instituições saem fortalecidas", afirma Freire, no texto.
"Informo ainda que encaminhei à Executiva Nacional, que se reúne nesta terça-feira, às 12h00, posicionamento a favor de que o partido declare apoio a Lula no 2º turno", completou o dirigente partidário.
Em Pernambuco, o PSDB é presidido por Raquel Lyra, ex-prefeita de Caruaru e candidata a governadora. A postulante a vice-governadora na chapa dela é a deputada estadual Priscila Krause, do Cidadania.
A decisão que as legendas das candidatas tomarem nesta terça pode interferir diretamente na campanha no Estado, visto que desde que saiu o resultado do primeiro turno em Pernambuco, a adversária da dupla, Marília Arraes (Solidariedade), tem tentado colar a imagem de Raquel ao bolsonarismo. Caso a tucana resolva ficar ao lado de Lula nesta fase do pleito, a estratégia de Marília ficaria prejudicada.
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Esse cálculo, no entanto, não é tão simples para Raquel. Apesar de o ex-presidente Lula ser o postulante mais popular no Estado, o terceiro candidato a governador mais votado do primeiro turno em Pernambuco foi o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), apoiado por Bolsonaro. Caso opte por uma aproximação com o militar da reserva, Raquel poderia herdar ao menos parte dos quase 900 mil votos que Anderson recebeu. Isso para não mencionar, também, a adesão dos bolsonaristas que depositaram sua confiança em Miguel Coelho (União Brasil), que já declarou apoio à ex-prefeita.
Raquel Lyra não concedeu entrevistas nesta segunda e terça, pois segue recolhida após o falecimento do marido, Fernando Lucena, no último domingo (2). Sua candidata a vice, Priscila Krause, foi procurada pela reportagem para comentar esses cenários, mas não respondeu às tentativas de contato.
Nos bastidores, comenta-se que a cúpula da campanha deve se reunir hoje para definir quais os próximos passos que serão adotados pelo grupo, bem como as estratégias utilizadas para esta fase da disputa.