O senador eleito Wellington Dias (PT-PI) afirmou nesta quarta-feira (2), à Globonews, que o vice da chapa vitoriosa na eleição ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin (PSB), terá uma reunião nesta quinta-feira (3) com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), para formalizar o processo de transição do governo federal. Alckmin foi escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser o coordenador do processo de transição.
"É um momento de formalização, de definir os primeiros passos", disse Dias, comentando que Ciro, "por uma decisão do presidente Jair Bolsonaro", se coloca como coordenador da transição por parte administração atual. Terça (1º), após o primeiro pronunciamento de Bolsonaro desde a derrota nas urnas, Ciro afirmou que o governo iria seguir a lei que prevê a transição.
O senador eleito também repetiu que, às 10h30, haverá uma reunião entre ele e o relator-geral do Orçamento de 2023, Marcelo Castro (MDB-PI), da qual Alckmin e outros representantes da chapa vitoriosa também irão participar, como Aloizio Mercadante e parlamentares do PT.
Dias ainda afirmou que, à tarde, haverá uma reunião técnica, sem dar detalhes. O senador eleito também repetiu o discurso de conciliação que Lula tem feito desde o fim das eleições. "Terminou a eleição, temos de cuidar de unir o Brasil, como diz o presidente Lula."
Na terça-feira, Alckmin agradeceu no Twitter o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva por ter confiado a ele a coordenação da equipe de transição de governo. "O trabalho da nossa equipe será norteado pelos princípios de interesse público, colaboração, transparência, planejamento, agilidade e continuidade dos serviços", prometeu na rede social.
Alckmin afirmou que seu objetivo enquanto coordenador do governo de transição é oferecer, "de forma republicana e democrática", as informações para o novo mandato de Lula, que começa em 1º de janeiro de 2023.
Lula compartilhou a publicação e disse ter a certeza de que Alckmin fará um excelente trabalho na transição. "Construiremos um governo para todos os brasileiros", escreveu o presidente eleito.
CONGRESSO
Também nesta quinta-feira, integrantes do PT que participaram da coordenação da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva vão para Brasília para começar uma diálogo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Entre os assuntos que serão discutidos estão a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600, que foi promessa do petista na eleição, e eventuais mudanças no teto de gastos, regra que atrela o crescimento das despesas à inflação.
Lira e o PT também estão de olho em uma negociação que possa resultar na parceria de ambos a partir do próximo ano. O comando do PP não descarta fazer parte da base de apoio de Lula, mas em troca quer o apoio dos petistas para que Lira seja reeleito presidente da Câmara em fevereiro de 2023.
O encontro com o presidente da Câmara está sendo organizado pelo deputado José Guimarães (PT-CE) e terá a participação de outros deputados do partido. Lula viajou, nesta quarta (2), de São Paulo para a Bahia, um dos Estados que deu a maior votação proporcional a ele. O presidente disse a aliados que pretende descansar até o fim da semana no Estado nordestino e só deve ir para Brasília na próxima semana.
Além da reunião com o presidente da Câmara, os petistas, junto com o coordenador da transição e vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) também vão estar nesta quinta com o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento de 2023. O encarregado por Lula de comandar a negociação sobre o orçamento é o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), cotado para assumir um ministério da área econômica.
Ao Estadão, Castro disse que o Orçamento de 2023 está "no osso" e que o governo Lula precisará escolher quais promessas vão ser incluídas no projeto. O deputado Rui Falcão (PT-SP), que foi coordenador de Comunicação da campanha, também participará da conversa com Castro. Falcão é um dos deputados da Comissão Mista de Orçamento (CMO), assim com Enio Verri (PT-PR) e Paulo Pimenta (PT-RS), que também conversarão com o emedebista.
"Eu vou participar da reunião do orçamento, sou membro da Comissão Mista de Orçamento. Vou ver também, junto com o Guimarães, os projetos que estão para serem pautados, o que o presidente da Câmara está pretendendo, o que a gente pode conversar com ele. Ver o que eles pretendem e o que nós pretendemos", disse Falcão ao Estadão.
AUXÍLIO
O presidente interino do PP, deputado Cláudio Cajado (BA), disse que Lira vai esperar a sinalização do presidente eleito para definir as prioridades da Câmara até o final do ano. "Muitas das pautas dependem de uma sinalização do governo eleito, do presidente Lula. Vai querer que a gente vote agora o Auxílio Brasil ou ele vai querer implementar isso no ano que vem, ainda que não haja solução de continuidade para os primeiros meses iniciais?", afirmou.
De acordo com a emenda à Constituição aprovada no governo de Jair Bolsonaro (PL), o auxílio só terá validade até o próximo dia 31 de dezembro, o que significa que o Congresso precisa definir ainda neste ano como será feita a continuidade. "Não vamos tomar nenhum iniciativa sem que ele (Lula) próprio se manifeste ou os líderes dele", ressaltou o deputado do Centrão.
O comando da Câmara também quer ajustar com o PT se vai haver mudanças no teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas ao índice de inflação do ano anterior. "Não adianta votar uma PEC sem prever como vai ser comportado isso na despesa", afirmou o deputado do PP da Bahia. Durante a campanha, a equipe de Lula falou em um waiver, ou seja, licença para aumentar as despesas, mas ainda não está definido qual será o tamanho disso.
Cajado também deixa em aberto a possibilidade de o PP ser base de Lula. O partido tem o perfil de ser aliado de todos os governos, independente da ideologia. Tendo o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, como principal líder, o PP faz parte do Centrão, bloco informal de legendas que apoiam qualquer presidente em troca de cargos.
"O partido está principalmente com o objetivo de trabalhar a reeleição do Arthur Lira, essa que é nossa visão maior. Dentro dessa perspectiva a gente tem que dialogar, conversar com as forças políticas que compõem o futuro Congresso. Essas conversas vão surgir naturalmente (com Lula), temos aí a transição (do governo Bolsonaro para Lula) para fazer, acredito que não tenha nenhum problema dado o perfil do ministro Ciro Nogueira", declarou.
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