Brasília

ATAQUE À PF: Manifestantes tentam invadir prédio da Polícia Federal após prisão de bolsonarista

Investida terminou com carros incendiados, tiros, bombas e várias vias bloqueadas na capital federal

Lucas Moraes Renata Monteiro
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Lucas Moraes
Renata Monteiro
Publicado em 12/12/2022 às 21:56 | Atualizado em 13/12/2022 às 0:29
EVARISTO SA / AFP
Manifestantes bolsonaristas promovem noite de vandalismo em Brasília no dia da diplomação de Lula - FOTO: EVARISTO SA / AFP
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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) queimaram carros e tentaram invadir a sede da Polícia Federal na noite desta segunda-feira (12), em Brasília. O ataque ocorreu após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a prisão temporária de José Acácio Serere Xavante pela suposta prática de condutas ilícitas em atos com pautas antidemocráticas, mediante ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

>>> Tropa de choque da PM e grupo de elite da PF cercam hotel de Lula em Brasília

A decisão do magistrado foi tomada após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). "A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos", observou a PGR, de acordo com o UOL.

A PF, por sua vez, indica que Serere Xavante teria promovido manifestações antidemocráticas em vários pontos do Distrito Federal, inclusive em frente ao hotel em que Lula e Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, estão hospedados.

Quando examinou o pedido da PGR, Moraes frisou que as condutas do investigado têm "agudo grau de gravidade" e "revelam os riscos decorrentes da sua manutenção em liberdade", visto que ele convocou pessoas armadas para impedir a diplomação dos eleitos. A prisão tem validade de 10 dias.

A tentativa de invasão, porém, não ficou sem reação. Forças se segurança reagiram com bombas de efeito moral e gás de pimenta à investida dos manifestantes, que deixou vários carros incendiados. Diversas vias de Brasília precisaram ser bloqueadas.

O grupo que participou da ação vestia camisetas verde e amarelas e só pararam de depredar os veículos depois de serem abordados por policiais federais que dispararam tiros de bala de borracha contra ele.

ATUAÇÃO DA PF E FORÇAS POLICIAS

O Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (PF) e a tropa de choque da Polícia Militar do Distrito Federal cercaram o hotel do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após grupos extremistas darem início a ações violentas. Os ataques começaram horas após a cerimônia de diplomação de Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em nota, a Polícia Militar do Distrito Federal informou que o tumulto começou após a prisão de um líder indígena. "Índios tentam invadir o prédio da PF na Asa Norte", destacou o comunicado, ao afirmar que a PM deslocou guarnições "para controlar a situação com a aplicação das forças táticas e Batalhão de Choque".

Mais cedo, a Polícia Militar do Distrito Federal também já havia reforçado a segurança no hotel de Lula após uma discussão entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e militantes petistas.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que acionou todas as forças policiais para conter o conflito causado por bolsonaristas, inclusive com ordem de prisão dos vândalos. 

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) informa que as forças de segurança reforçaram a atuação, em toda área central do capital, para controle de distúrbios civis, do trânsito e de eventuais incêndios. As ações começaram em frente ao edifício-sede da Polícia Federal (PF), em decorrência do cumprimento de mandado de prisão, e se estenderam para outros locais da região central.

Como medida preventiva, o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e outras vias da região central está restrito até nova mudança de cenário, após avaliação de equipe técnica. A recomendação dos órgãos de trânsito é a de que os motoristas evitem o centro da cidade.

"As imediações do hotel em que o presidente da república eleito está hospedado tem vigilância reforçada por equipes táticas e pela tropa de choque da Polícia Militar do Distrito Federal".

O futuro ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino (PSB) e o secretário de Segurança do Distrito Federal, delegado Júlio Danilo afirmaram que trabalham em conjunto para identificar manifestantes que praticaram atos de vandalismo na capital federal e, por conseguinte, puni-los. Apesar da ampla divulgação de imagens, não há confirmação de prisões até o fim desta noite. O secretário garante que a ordem já foi restabelecida. 

"Quero aqui emitir mensagem de tranquilidade, acerca do principal, a diplomação ocorreu hoje, como manda a lei, sem nenhum tipo de obstáculo. portanto, presidente Lula hoje foi diplomado e está apto a exercer seu cargo", disse Flávio Dino. 

Ainda segundo Dino, manifestantes estão "confundindo liberdade de expressão com cometimento de crimes". "Essa confusão de uma vez por todas tem que cessar. Infelizmente o cumprimento de uma ordem judicial resultou em mais atos de violência, mas as medidas de responsabilização já adotadas, adotadas hoje e que serão adotadas a partir de amanhã irão prosseguir", garantiu. 

"Não há nenhuma hipótese de haver passo atrás na garantia da lei e ordem pública em razão de violência. Estado democrático de direito tem dever de agir. Estamos tranquilos, porém com firmeza no caminho de defesa da lei". 

Apesar de garantir reprimir os atos de vandalismo, nem o futuro nem o secretário de Segurança confirmaram prisões na noite dessa segunda-feira. 

"Não tenho ainda quantas prisões foram feitas, se pessoas foram presas ou estão ainda presas; acredito que sim", disse o secretário Júlio Danilo, ressaltando que a ordem foi restabelecida no Distrito Federal. 

Após incendiarem veículos, depredarem patrimônio público e fecharem vias, parte dos manifestantes retornaram a um acampamento que é mantido numa área sob comando das Forças Armadas. O delegado Júlio Danilo disse ter conhecimento do fato, mas que o governo teria pouco poder de ação na região por ser área militar. 

"o acampamento encontra-se me juridição militar e tudo tem que ser feito com as Forças Armadas. Eles têm colaborado, tentado organizar, mas acaba cabendo a eles", afirmou, garantindo em seguida que poderá ser feita uma reavaliação da manutenção do acampamento. 

LULA ESTÁ SEGURO

Embora tenham sido registrados ameaças nos arredores do hotel onde o presidente eleito Lula se encontra, Flávio Dino garantiu o presidente acompanhou toda a ação com "tranquilidade", resguardado. 

"Lula acompanhou à distancia todos os fatos e está tranquilo, porque há todo um acompanhamento [...] infelizmente há pessoas que criam histórias fantasiosas e infundadas em relação à integridade e segurança de Lula. em nenhum momento o presidente foi exposto a qualquer risco. Neste momento está em absoluta segurança e assim prosseguirá até o momento da posse e pleno exercício de suas funções", garantiu Dino. 

 

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