Água e saneamento

RAQUEL LYRA-DESAFIOS: Levar água à população e ampliar acesso a esgoto são demandas urgentes no Estado

População de Pernambuco vive no atraso, sem ter água nas torneiras nem acesso adequado a coleta e tratamento de esgoto

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 01/01/2023 às 6:18
 DIVULGAÇÃO/COMPESA
Adutora do Agreste só levou água a sete municípios até agora, dos 68 previstos para as duas etapas - FOTO: DIVULGAÇÃO/COMPESA

Os moradores de Tabatinga, em Camaragibe, só viram água na torneira por quatro dias, durante todo o mês de dezembro de 2022. Pelo calendário da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a água só foi distribuída nos dias 7,8, 21 e 22 e, mesmo assim, com abastecimento parcial, obedecendo um horário controlado.

O que acontece em Tabatinga não é um fenômeno pontual. Do Litoral ao Sertão, o povo de Pernambuco sofre com a falta d'água. Grande parte da população precisa incluir gastos com carro-pipa no orçamento mensal. A situação seria amenizada se as obras das adutoras previstas para o Estado fossem concluídas. A Transposição do São Francisco ficou pronta, mas a água dos seus canais chega a um número menor do que a meta projetada, por falta das adutoras que transportariam a água da megaobra para as casas das pessoas. 

Considerado o maior sistema integrado de adutoras em construção no Brasil, a Adutora do Agreste é o exemplo mais emblemático. Distribuído em duas etapas e com investimento previsto em R$ 4 bilhões, o empreendimento ainda não concluiu sequer a primeira fase. As duas etapas beneficiarão mais de 2 milhões de pessoas em 68 sedes municipais, 80 distritos e povoados.

De acordo com a Compesa, a 1ª Etapa da obra tem valor total de R$ 1,5 bilhão e já foram construídos cerca de 695 quilômetros (até novembro de 2022) dos 787 quilômetros previstos, o que corresponde a 88% de adutoras executadas. Apesar da taxa de execução apontada pela companhia, apenas sete municípios recebem água da transposição do Rio São Francisco: Arcoverde, Pesqueira, Alagoinha, Sanharó, Belo Jardim, São Bento do Una e Tacaimbó.

A Compesa afirma, ainda, que apesar de ter sido impactada por questões como paralisação de repasses federais, efeitos da pandemia da covid-19 e, mais recentemente, episódios de chuvas fortes na região, "a obra encontra-se atualmente com vários trechos concluídos e com funcionalidade", diz.

A companhia denuncia que nos últimos 2 anos o Governo Federal repassou apenas R$ 40,8 milhões para execução do Sistema Adutor do Agreste e que, para evitar a paralisação das frentes de obra, o Governo do Estado investiu um total de R$ 124,5 milhões, ultrapassando em R$ 36,9 milhões o valor combinado de contrapartida com a União.

INAUGURAÇÃO CENOGRÁFICA

No último dia 26, o então governador Paulo Câmara esteve no município de Arcoverde para inaugirar mais um trecho da obra da Adutora do Agreste entre a Barragem do Ipojuca, no município, e o distrito de Mimoso, em Pesqueira. Apesar da inauguração, a própria presidente da Compesa, Manuela Marinho, comentou que a água ainda não chegará às torneiras das casas porque precisa ser concluída a linha de transmissão de energia elétrica, que permitirá o funcionamento do sistema e o transporte da água. 

“O Governo de Pernambuco conseguiu, apesar de tantos desafios, avançar e trazer mais água para o Sertão e o Agreste pernambucano, garantindo que não houvesse nenhum tipo de descontinuidade a essa obra. Essa adutora é uma infraestrutura muito cara e a União atrasou os repasses. O Governo Estadual bancou mais de R$ 40 milhões, justamente para que a obra não parasse e pudesse ser concluída ainda em 2022”, justificou Paulo Câmara, durante a inauguração do trecho. 

SANEAMENTO SERÁ UM GRANDE DESAFIO

Em julho de 2013, Pernambuco iniciou o Programa Cidade Saneada, uma parceria público-privada entre a Compesa e a empresa BRK. A proposta é universalizar os serviços de esgotamento sanitário em 15 municípios, sendo 14 na RMR e um na Mata Norte, em Goiana. Naquela época, a cobertura de esgoto era de 30%.

O programa já realizou investimentos da ordem de R$ 2,05 bilhões, beneficiando mais de 1,3 milhões de pessoas em Recife, Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata, Goiana, Olinda, Paulista, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.

A primeira fase do programa, que ocorreu nos primeiros anos de contrato, foram dedicados à recuperação das estruturas de saneamento existentes, com a modernização de mais de 200 unidades operacionais e adequações de 1.500 km de redes coletoras. Agora, o programa está focado nas obras de implantação e ampliação de novos Sistemas de Tratamento de Esgoto (SES).

Já foram entregues mais de 140 mil metros novas redes coletoras, além de 29 estações elevatórias e sete estações de tratamento de esgoto. A expectativa é que o programa alcance, até 2037, 90% de cobertura, beneficiando seis milhões de pessoas. Até a finalização do contrato, a Compesa terá investido quase R$ 7 bilhões.

A preocupação da governadora Raquel Lyra é se a Compesa terá caixa para fazer os investimentos não só na PPP Cidade Saneada, mas também em outros projetos de abastecimento d'água e saneamento em todo o Estado. A tucana promete fazer um levantamento nas finanças da Compesa para saber qual é a real situação da empresa. 

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