Estadão Conteúdo
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou nesta quarta (4), durante cerimônia de posse lotada no Palácio do Planalto, que o Brasil tem como meta recuperar 12 milhões de hectares de áreas degradadas.
"Em vez de destruir e contaminar, será reflorestar e recuperar áreas degradadas. O Brasil honrará todos seus compromissos nacionais e internacionais. Não faremos transição energética da noite para o dia. Não faremos economia de baixo carbono da noite para o dia. Se as pessoas querem produtos de base sustentável, aqui será o endereço. Só os negacionistas não reconhecem agenda ambiental", disse.
Acordo UE-Mercosul
Marina disse que defenderá e atuará internamente para que o Brasil consiga finalizar o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia (UE). Após 20 anos de costura, o tratado foi fechado entre os blocos durante o governo de Jair Bolsonaro. Precisa, no entanto, ainda ser ratificado pelos parlamentos da UE e do bloco do Sul.
Alegando descontentamento com a coordenação do Brasil em relação à área ambiental, o processo travou na Europa. Para interlocutores do governo de Bolsonaro, no entanto, essa questão era usada apenas como uma cortina de fumaça para que os países do continente, em especial a França, mantivessem políticas agrícolas protecionistas em seus países.
Fila para POSSE de MARINA SILVA dá a volta no PALÁCIO DO PLANALTO
O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, registrou no fim do ano passado que a UE, após a vitória de Lula, está disposta a formalizar um documento extra ao acordo com o compromisso do Brasil de avançar no combate ao desmatamento para voltar a agilizar o processo. A avaliação é a de que se trata de um tema que não terá respostas rápidas.
Hoje Marina disse que precisará de apoio de outros países com recursos financeiros e ajudar de várias áreas para tornar as questões ambientais algo possível para o Brasil.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse que "torce" para que tanto secretarias de sua Pasta quanto as do Desenvolvimento Agrário sejam extintas pelo fato de os assuntos principais dos quais tratam não serem mais urgentes.
"A Casa Civil continua com comando político da secretaria extraordinária de desmatamento e o MMA com comando executivo. Quando alcançarmos a meta de desmatamento zero não se precisará mais da secretaria de controle de desmatamento", disse durante cerimônia de transmissão de cargo no Palácio do Planalto.
Na sequência, Marina disse que, quando esses assuntos forem sanados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá ganhar o prêmio Nobel da Paz, arrancando aplausos dos presentes. Ela também disse ser inegável a necessidade de ter políticas ambientais para os centros urbanos e que é preciso cuidar da maior floresta tropical do planeta, mas com o apoio e o controle da sociedade.
A ministra salientou que a criação da secretaria de Bioeconomia vai estimular a economia com biodiversidade e comentou que Lula pediu atenção especial ao movimento de catadores. "Quero reforçar o compromisso e o reconhecimento da participação da sociedade."
A ministra ainda afirmou estar ciente de que todos reivindicam um novo momento na gestão ambiental do Brasil, durante cerimônia de transmissão no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 4. Marina é uma das protagonistas do setor em todo o mundo e aproveitou o momento para fazer críticas indiretas e diretas ao governo anterior, de Jair Bolsonaro.
"Este Palácio foi palco de vários atos contra o meio ambiente, contra interesses estratégicos do Brasil", disse. "Os anos que se passaram foram de um completo desrespeito", continuou citando vários grupos de pessoas e áreas ambientais. Sem mencionar um de seus antecessores, o ex-ministro Ricardo Salles, Marina comentou que "boiadas se passaram onde deveriam se passar políticas de proteção ambiental".
A ministra mencionou também que órgãos reconhecidos pela população, como Ibama e ICMBio, foram fragilizados e a política de mudança do clima, desmontada. "O Brasil era uma potência ambiental e virou um pária. Agora voltaremos a cuidar do tema com a devida importância", prometeu.
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