Por ordem do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal abriu ontem a primeira etapa da Operação Lesa Pátria, para prender preventivamente oito investigados sob suspeita de participação, financiamento e fomento dos atos extremistas do dia 8, em Brasília.
Até a conclusão desta edição, cinco pessoas haviam sido presas - entre elas, Ramiro dos Caminhoneiros, Randolfo Antonio Dias, Renan Silva Sena e Soraia Baccio. As defesas dos presos não foram localizadas. A ofensiva ainda vasculhou 16 endereços em São Paulo, Rio, Minas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Durante as diligências, a PF apreendeu mais de R$ 20 mil na casa de um dos investigados. A ofensiva mira supostos crimes de golpe de Estado, associação criminosa, incitação ao crime e destruição de bem especialmente protegido.
Operação Última Patrulha
Em simultâneo, a PF no Pará deflagrou a Operação Última Patrulha, que cumpriu oito mandados de busca e apreensão contra seis "extremistas" no Estado. Segundo os investigadores, os alvos são suspeitos de "aderir, coordenar ou financiar" os atos que deixaram um rastro de destruição na Praça dos Três Poderes.
Ibaneis Rocha e ex-secretário de Segurança do DF são alvo de buscas da PF
A pedido da Procuradoria-Geral da República, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e ao ex-secretário executivo da Segurança Pública do DF, delegado Fernando de Souza Oliveira.
Ao todo, os agentes vasculharam cinco endereços, entre residências e locais de trabalho, incluindo o Palácio do Buriti e a Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal.
As diligências foram requeridas pelo coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, e autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Segundo a PGR, a ofensiva teve como objetivo "buscar provas" para abastecer a investigação sobre supostos atos "omissivos e comissivos" de autoridades do Distrito Federal ante os atos violentos do dia 8, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes.
Ao requerer a abertura do inquérito - que atinge, além de Ibaneis e Oliveira, o ex-secretário da Segurança do DF Anderson Torres e o ex-comandante-geral da Polícia Militar do DF Fábio Augusto Vieira -, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, apontou "indícios graves" do possível envolvimento dos quatro "em verdadeiro atentado ao estado democrático de direito"
Depoimentos
Ouvido pela PF, Ibaneis negou qualquer conivência com os atos golpistas. Oliveira, por sua vez, disse que a PM "errou" na execução do plano operacional. Vieira afirmou que o Exército impediu a entrada de tropas da PM para prender radicais acampados em frente ao quartel em Brasília. Torres, que está preso, se manteve em silêncio durante audiência.
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