Com o Estadão Conteúdo
Atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) tentará renovar o mandato na Mesa Diretora nesta quarta-feira (1º). Uma das lideranças de maior destaque do Centrão no Congresso Nacional, Lira desponta como o preferido para o pleito, e tudo indica que vencerá seu único oponente, o deputado Chico Alencar (PSOL).
Em entrevista à Globo News nesta terça (31), o progressista afirmou que a sua candidatura dará mais amplitude de alianças e tranquilidade no encaminhamento das matérias na Casa, além de ser "mais de centro e menos radical".
"Minha candidatura tem por natureza ser mais de centro, menos radical, mais exposta a acordos", defendeu o parlamentar.
Lira busca a reeleição ao comando da Câmara com apoio, até o momento, de 15 partidos (PT, PCdoB, PV, PSB, PDT, PSD, União Brasil, Republicanos, PL, Podemos, PSC, PTB, Solidariedade, Patriota e Pros), além do próprio PP.
Ele afirmou que o fato de contar com apoio de partidos antagônicos lhe deixa "mais tranquilo" e que ele não trabalha para ter votação recorde na eleição da Casa.
Mais cedo, Chico Alencar reiterou a sua candidatura.
Lira reforçou que tem como responsabilidade à frente da Casa trazer "sempre o equilíbrio".
Ele também destacou que as pessoas que participaram dos atos golpistas no dia 8 de janeiro "não representam direita, esquerda ou centro".
Na ocasião, o parlamentar também declarou que qualquer ato radical, seja de governo de direita ou de esquerda, não contará com posição favorável da Câmara.
"Na questão dos atos antidemocráticos, de vandalismo, de terrorismo, a Câmara se posicionou firme", disse Lira, em relação aos atos registrados em Brasília no dia 8 de janeiro. Ele afirmou que foram constatadas pela polícia legislativa mais 41 pessoas que participaram dos movimentos golpistas e todas serão entregues na quarta à Procuradoria Geral da República (PGR).
Ele destacou que nunca ninguém lhe ouviu falar de qualquer candidato que ele se oponha ou defenda. Disse ainda que, à frente da Casa, vai continuar apoiando as mesmas pautas de governo que foram trabalhadas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Se tivermos que ampliar campo social, vamos ampliar sempre com responsabilidade", ponderou, em sinalização à preocupação com a saúde das contas públicas e o crescimento econômico do País.
Posturas radicais apareceram após resultado eleitoral
Arthur Lira também afirmou à Globo News que as posturas radicais praticadas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apareceram "praticamente" depois do resultado eleitoral.
Ao distanciar-se do bolsonarismo radical e de algumas bandeiras do ex-chefe do Executivo, Lira reforçou que sempre defendeu as urnas eletrônicas e pôs fim ao tema do voto impresso depois que foi rejeitado na Casa. Ele destacou ainda que atos antidemocráticos nunca tiveram seu apoio. "Os meus limites sempre foram claros. Qualquer governo tem multifacetas", disse, ao completar que apoiou a "face liberal" do ex-presidente.
Lira disse ainda que, nos últimos dois anos, não foram votadas pautas de costumes, que são as principais bandeiras do bolsonarismo. "Demos oportunidades de essas pautas virem a discussão porque todo parlamentar representa uma camada da população", esclareceu, reforçando que temas polêmicos não tiveram convergência na Casa.
Ele destacou que, ao longo do seu mandato na Casa, sempre defendeu os movimentos da maioria. Para a próxima legislatura, o líder disse estar em conversa harmônica com deputados para dar demonstração de pacificação interna.
"Facilitador"
O progressista também comentou que a sua função na Câmara é ser um facilitador das pautas. Ele destacou que os partidos de centro têm o papel de dar oportunidades para que os governos eleitos possam implementar democraticamente suas agendas.
"Partidos de centro, que é nossa riqueza, que nos diferencia da Argentina, ... tendem a dar oportunidades para governos eleitos poderem implementar democraticamente o que foi aprovado nas urnas", disse na entrevista. Ele destacou que os parlamentares, na próxima legislatura, darão gesto de início de pacificação, depois de uma polarização acirrada vivenciada durante as eleições. "Nunca compactuamos e nem flertamos com qualquer tipo de exagero", reforçou.
Questionado sobre como será o seu papel se for reeleito, Lira definiu que "o presidente Arthur é previsível, correto, cumpre acordo, não tem nenhum tipo de sobressalto nas suas atribuições" "Porque todas são muito conversadas, dialogadas, com partidos políticos e líderes", justificou.
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