Trinta e seis dias após deixar o governo de Pernambuco, Paulo Câmara (sem partido) teve, finalmente, seu futuro político decidido. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva formalizou, nesta terça-feira (7), o convite para o ex-governador assumir a presidência do Banco do Nordeste (BNB). A formalização aconteceu durante reunião entre Lula e Paulo, no Palácio do Planalto, em Brasília.
O encontro também contou com a participação do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ex-governador da Bahia e parceiro de Paulo Câmara no Consórcio Nordeste. Desde que Câmara encerrou seu segundo mandato em Pernambuco, começaram as especulações sobre qual seria sua participação no governo Lula.
Apesar de ter pedido as eleições para o governo com o candidato Danilo Cabral (PSB), a Frente Popular havia apoiado Lula no primeiro e segundo turnos no Estado. O nome de Paulo Câmara não apareceu na lista de indicações para ocupar os ministérios.
Enquanto isso, outros pernambucanos foram contemplados. José Múcio Monteiro (PTB) assumiu o Minnistério da Defesa do Brasil e a ex-vice-governadora do Estado, Luciana Santos (PCdoB) foi convidada para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
A disputa por vagas no governo Lula também azedou a relação, já desgastada, de Paulo Câmara com o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Os dois participaram da equipe de transição de Lula mas, nos bastidores, comenta-se que o prefeito fez articulações na bancada socialista na Câmara para evitar a indicação do nome do ex-governador para o ministério.
Segundo fontes próximas à negociação, João Campos defendeu a indicação do ex-prefeito de São Paulo, Márcio França. O que o prefeito queria articular, na verdade, era diminuir as chances de França concorrer à Prefeitura de São Paulo, em 2024, deixando o caminho menos concorrido para a deputada federal e sua mulher, Tabata Amaral (PSB), que deverá participar da disputa.
O episódio fez com que Paulo Câmara anunciasse sua saída do PSB, no dia 27 de janeiro. Até então ele ocupava a vice-presidência nacional do partido
BRIGA PARA FICAR NO BNB
Para ocupar uma vaga no governo Lula, Paulo Câmara também precisou enfrentar uma diputa pelo BNB. O atual presidente do banco, José Gomes da Costa, é uma indicação remanescente do governo Bolsonaro, mas teve sua permanência defendida pelo deputado federal do Ceará, José Guimarães, líder do governo Lula na Câmara dos Deputados.
APROVAÇÃO NO SENADO
Vencidos os embates políticos, Paulo Câmara terá que esperar agora o desembaraço de uma questão legal. Para ser concretizada, a indicação depende da aprovação no Senado de um projeto de lei que diminui a quarentena para políticos assumirem cargos em estatais.
A legislação em vigor exige que dirigentes partidários cumpram um período de pelo menos 36 meses antes de serem nomeados para postos em empresa estatais.
Ja existe um projeto neste sentido, que já foi aprovado pela Câmara, em dezembro de 2022, e que aguarda ser votado pelos senadores, reduz esse prazo para 30 dias. O governo Lula apoia a proposta.
Formado em Economia e com pós-graduação em Finanças, Câmara é auditor do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) há 28 anos. Foi secretário de Turismo, da Fazenda e de Administração nas gestões de Eduardo Campos.
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