Diante das tragédias recentes no Recife com quedas de barreiras e inúmeros alagamentos na Região Metropolitana, a Prefeitura do Recife está ciente da necessidade de melhorias de urbanização da cidade para proteger a população mais necessitada e evitar novas mortes nas áreas de risco nos períodos chuvosos.
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o prefeito do Recife, João Campos, esclareceu que a sua gestão está buscando colocar os projetos de melhorias em prática, mas que esse investimento é a longo prazo. "Temos visto que a pauta de mudança climática, que antes era colocada lá atrás como algo do futuro, estamos vivendo no presente. Então, diante disso, estruturamos desde o ano passado um conjunto de investimento e preparação da infraestrutura da cidade para esses fenômenos atípicos como esses que vêm ocorrendo. E quando vamos estudar esse tipo de ocorrência, vemos que não é nada que você resolve de forma integral num curto prazo", contou o prefeito do Recife.
"Temos mais de 9 mil pontos de risco na cidade do Recife. Todos os pontos de risco 3 e 4 temos capacidade hoje de execução de projeto. Isso foi um conjunto de projetos que começamos a desenvolver com o governo do Estado, na época com Paulo Câmara. E o que conseguimos fazer, que será o maior passo estruturante da nossa cidade relativo a isso, foi a capacitação de uma operação de crédito de mais de R$ 1,6 bilhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento", revelou João Campos.
De acordo com o prefeito do Recife, a operação de melhoria será dividida em três eixos. "O primeiro eixo será para a proteção das encostas, sendo investido algo próximo a R$ 600 milhões. O outro eixo é de urbanização integrada, que pega as áreas sujeitas a alagamento, áreas mais baixas na cidade e que você consegue fazer a urbanização... Desde a drenagem, o saneamento básico e melhorias habitacionais. E o terceiro eixo é um específico de drenagem da cidade, onde a bacia do Rio Tejipió vai ter disponibilidade de aporte próximo aos R$ 300 milhões para implementar uma solução mais robusta, pois é o principal desafio de drenagem da cidade está no entorno da bacia do Rio Tejipió", contou João Campos.
OPERAÇÃO FINANCEIRA
Para conseguir o investimento necessário para a realização das melhorias estruturais na cidade, João Campos revela que foi necessário uma operação recorde. "Normalmente para conseguir um crédito internacional leva dois anos e meio a três anos. Estamos fechando em menos de um ano. Ao mesmo tempo, estamos com vários projetos executivos sendo tocados para, na sequência, vir a realização das obras. Ações de grande vulto que conseguimos implementar pela primeira vez na cidade, mas naturalmente isso leva tempo", apontou.
"De imediato temos a maior carteira de obras que o Recife já viu em execução, com mais de R$ 60 milhões sendo investidos. E sempre o critério de decisão tem em vista o número elevado de encostas na cidade... São aquelas que a defesa civil aponta maior risco e que tem maior número de pessoas próximas daquela localidade", finalizou João Campos.
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