Raquel Lyra diz que PSB construído por Eduardo Campos "não existe mais"; Partido reage à fala da governadora
De acordo com a governadora, o que aconteceu em Pernambuco, em 2022, foi quebra de um importante ciclo que era capitaneado pelos socialistas
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (26), a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), afirmou que o PSB comandado pelo ex-governador Eduardo Campos, falecido em uma acidente aéreo em 2014, "não existe mais em Pernambuco".
“Aquele PSB com o governo feito por Eduardo, transformador e que chegou na educação, que virou referência para o Brasil, que mudou a saúde de Pernambuco e depois andou para trás, que foi referência na questão da economia e do combate a violência. Aquele não existe mais”, disparou a governadora.
Raquel Lyra foi deputada estadual pelo PSB por dois mandatos. Em 2011, ela assumiu assumiu a Secretaria da Criança e da Juventude de Pernambuco, no Governo Eduardo Campos. A relação do partido foi rompida, quando o então governador Paulo Câmara negou a legenda para que ela pudesse disputar a prefeitura de Caruaru em 2016.
Ainda de acordo com a governadora Raquel Lyra, o que aconteceu no Estado, em 2022, foi quebra de um importante ciclo que era capitaneado pelos socialistas. Entretanto, ao ser questionada sobre a relação com o prefeito do Recife, João Campos, filho do ex-governador e um dos principais líderes do partido, e sobre qual PSB ele pertenceria, a governadora evitou polemizar o assunto.
Raquel Lyra disse que enquanto governadora ela fará tudo que for necessário para contribuir com o desenvolvimento do Recife, junto com a Prefeitura. “Inclusive agora estamos trabalhando com a construção de novas creches. É claro que tem o tensionamento político, mas o que tenho pedido sempre é que ele não atrapalhe o que podemos fazer por Pernambuco. Sem antecipações de eleições, nós precisamos governar”, afirmou.
Nesta terça-feira (28), o PSB de Pernambuco emitiu uma nota criticando as declarações da governadora.
"Quando usa uma tribuna de alcance nacional, como o programa Roda Vida, da TV Cultura, para dizer que o maior partido de oposição ao seu governo “não existe mais”, a governadora Raquel Lyra (PSDB), além de desrespeitar uma agremiação política com mais de 70 anos de história, mostra que já não consegue conter seu incômodo com as cobranças qualificadas à sua gestão, que têm sido feitas pelo PSB e vêm ganhando repercussão na imprensa nacional e em diversos setores da sociedade".
Segundo o presidente estadual do partido, Sileno Guedes, também criticou a postura de neutralidade adotada por Raquel Lyra, nas eleições de 2022 - tema inclusive que foi amplamente debatido no programa Roda Viva.
"Com um discurso de suposta neutralidade, a governadora tenta conquistar desavisados, mas é desmentida pelos fatos, como o loteamento da Secretaria de Educação e do Detran por pessoas indicadas pelo partido de Bolsonaro. A gestão de Raquel Lyra mostra que tem um lado – e não é o que Lula, Alckmin e o PSB defendem – quando se alia às forças conservadoras e desmobiliza políticas sociais. Pernambuco paga um preço por este semestre perdido, no qual só se viu desmonte e morosidade".