JUSTIÇA

Livro conta bastidores do STF durante gestão Bolsonaro e atos de 8 de janeiro

Intitulado "Tribunal - Como o Supremo de uniu ante a ameaça autoritária", livro de Felipe Recondo e Luiz Weber mostra desafios do STF na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e os ataques de 8 de janeiro

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Adriana Guarda

Publicado em 13/09/2023 às 19:25
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O segundo livro sobre os bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF), escrito por Felipe Recondo e Luiz Weber, entrou em fase de pré-venda esta semana e está no prelo, com lançamento previsto para novembro próximo. Intitulado "Tribunal - Como o Supremo de uniu ante a ameaça autoritária", este segundo volume traz um recorte temporal de 2019 até o início de 2023, entre a eleição de Bolsonaro e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que depredaram a Corte maior do País.

Nesta quarta-feira (13), o STF iniciou o julgamento individual da primeira ação penal dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, com condenação do réu por mais de 17 anos de prisão. O Supremo foi a instituição republicana mais atacada pelo bolsonarismo ao longo do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro e, em particular, o ministro Alexandre de Moraes. Depois vieram os ataques e a depredação ao símbolo da Justiça no País. 

O livro anterior da dupla, publicado em 2019, foi "Os onze: o STF, seus bastidores e suas crises" e traz uma espécie de panorama das individualidades e formas de julgar de cada um dos 11 ministros. A publicação também foca nos turbulentos anos do Mensalão, que se configurou como uma das maiores crises políticas e econômicas que o País já viveu, garantiu protagonismo ao tribunal e tornou os ministros figuras públicas conhecidas da população. 

Arte/JC
Com segundo livro, Felipe Recondo quis evitar lacuna que ficaria sem a narrativa no governo Bolsonaro e nos ataques de 8 de janeiro - Arte/JC
 

Nesta quarta-feira (13), Felipe Recondo participou do programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, ancorado pelo jornalista Igor Maciel. Ele comentou sobre seus dois livros e sobre o julgamento dos ataques de 8 de janeiro. "No segundo livro a gente vai tentar suprir uma pequena lacuna recente, que vem lá do mensalão até os atos antidemocráticos. Nossa apuração termina depois do dia 8 de janeiro, com a invasão do Supremo", destaca. 

"O Tribunal" se propõe a mostrar como os ministros se organizaram para defender a instituição. "Apesar de suas muitas idiossincrasias e disputas internas, o STF atuou com eficiência e unidade na guerra sem quartel da qual foi alvo preferencial entre 2019 e 2022, dentro e fora das redes sociais.
Através de instrumentos jurídicos inusuais, como o inquérito das fake news, e articulações de bastidores com políticos e militares, os ministros da Corte batalharam em duas frentes intimamente relacionadas: defender o tribunal e combater o autoritarismo do Executivo", diz a orelha do livro.

Os dois autores narram detalhes de eventos políticos e judiciais que marcaram a resistência individual e coletiva dos ministros do Supremo contra a um momento de 'desintegração' da democracia brasileira. 

Divulgação/STF
STF e Congresso Nacional foram depredados nos ataques de 8 de janeiro - Divulgação/STF

OS ONZE DO STF 

Recondo lembra que o STF vem enfrentando dificuldades e momentos críticos ao longo dos últimos anos, com esquemas como o Mensalão e a operação  Lava Jato aparecendo nessa lista. "A morte do ministro Teori Zavascki em um acidente aéreo em Paraty 9RJ), em 2017, trouxe consequências dramáticas. Meu editor na Companhia das Letras conversou comigo e disse que precisava escrever o livro após essa tragégia", conta. A morte de Teori foi definitiva para a prisão do então ex-presidente Lula.   

MENOS PODEROSO 

Ao longo da história e do processo de modernização do STF, outra mudança que aconteceu foi o papel desempenhado pelo presidente do Tribunal. Felipe Recondo questiona qual é o real tamanho do presidente do Supremo na atualidade. "Se voltarmos 20 ou 30 anos, o presidente era o porta-voz do Supremo, era quem representava a Corte nas aparições públicas e no diálogo com a sociedade. Era ele quem fazia essa intermediação, tinha esse poder e era reconhecido pelos seus pares como uma liderança. Hoje, se o presidente do STF (Luís Roberto) Barroso, for dar uma entrevista vai competir com entrevistas de outros tantos ministros que têm voz e voto igualzinho ao dele", sugere, afirmando que o diferencial do presidente atualmente é definir a pauta do plenário. 

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