NÚCLEO BOLSONARISTA

Valdemar Costa Neto é preso em flagrante por porte ilegal de arma

De acordo com as investigações, o chefe do PL entrou na mira da PF por suspeita de ter usado dinheiro da legenda que comanda para disseminar a narrativa de fraude nas urnas eletrônicas

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Estadão Conteúdo

Publicado em 08/02/2024 às 20:52
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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi preso em flagrante ontem por porte ilegal de arma de fogo. Investigado na Operação Tempus Veritatis, o dirigente acabou sendo detido depois que agentes da Polícia Federal encontraram uma arma em situação irregular durante buscas em endereço de Valdemar. Os policiais também apreenderam uma pepita de ouro de 39,18 gramas. O metal foi analisado por peritos da PF e o teste concluiu que tem 95,25% de pureza.

De acordo com as investigações, o chefe do PL entrou na mira da PF por suspeita de ter usado dinheiro da legenda que comanda para disseminar a narrativa de fraude nas urnas eletrônicas e do sistema eleitoral e, assim, tentar legitimar manifestações contra o resultado da eleição de 2022.

ATOS DO 8 DE JANEIRO

No dia 8 de janeiro do ano passado, parte dos apoiadores de Bolsonaro mobilizados em frente ao quartel-general do Exército em Brasília partiu em direção à Praça dos Três Poderes e depredou dependências do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Para a PF, o Partido Liberal foi "instrumentalizado" para lançar dúvidas sobre a lisura da disputa eleitoral. O ponto alto dessa estratégia teria sido a ação movida pela legenda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar anular os votos de 279,3 mil urnas eletrônicas sob alegação de que houve "mau funcionamento" do sistema. O partido foi multado por "litigância de má-fé".

À época, o ministro do Supremo e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, classificou os argumentos do PL como "absolutamente falsos". Em fevereiro do ano passado, Moraes reconheceu o pagamento da multa de R$ 22,9 milhões imposta ao PL e desbloqueou as contas do partido e o repasse mensal do Fundo Partidário.

'VERIFICAÇÃO EXTRAORDINÁRIA'

Após o segundo turno da eleição de 2022, o PL pediu uma "verificação extraordinária" das urnas usadas no pleito. A sigla afirmou, sem provas, que houve "quebra de confiabilidade dos dados extraídos" de parte dos equipamentos. De acordo com o partido, Bolsonaro teria recebido 51,05% dos votos na segunda etapa de votação e, portanto, teria vencido a disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva. O "problema", conforme o PL, estaria nos modelos de urna lançados antes de 2020, que têm um número de série único.

A PF sustenta que essa iniciativa foi a última tentativa de contestar formalmente o resultado da eleição e que o próximo passo seria uma tentativa de golpe. "O material apresentando falsas vulnerabilidades nas urnas eletrônicas produzidas antes de 2020 foi elaborado pelo grupo, inclusive com o auxílio do que Mauro Cid chamou de ‘nosso pessoal’, se referindo a especialistas na área de informática (inclusive hackers)", diz trecho da representação da PF, citando o ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid.

Em outra ocasião, destacou a PF, Valdemar também minimizou a "minuta de golpe" encontrada na casa do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres. "Tem na casa de todo mundo", declarou.

HISTÓRICO DE COSTA NETO

Ex-deputado federal por seis mandatos, Valdemar Costa Neto foi condenado no mensalão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, esteve ao lado do PT contra o impeachment de Dilma Rousseff e mudou de lado ao abrigar Bolsonaro no PL e apoiá-lo na eleição de 2022.

Apesar de aliados, Valdemar e Bolsonaro têm uma relação marcada por atritos desde que o ex-presidente se filiou ao PL, em 2021. Entre os conflitos mais recentes, estão as posições divergentes do dirigente partidário e do ex-presidente em temas como as eleições municipais de 2024.

Como mostrou o Estadão, movimentos recentes indicam que a intenção de Bolsonaro é priorizar aliados próximos na disputa deste ano, mostrando, assim, que ainda é forte politicamente. Enquanto isso, Valdemar busca candidatos "viáveis", para obter mais recursos e poder de barganha.

CRÍTICAS DE BOLSONARISTAS

O presidente do PL também foi criticado por bolsonaristas por ter feito elogios a Lula, em janeiro. Em entrevista ao jornal regional O Diário, de Mogi das Cruzes e do Alto Tiête, Valdemar afirmou que o presidente tem "prestígio", enquanto Bolsonaro tem "carisma".

"Lula não tem comparação com Bolsonaro, completamente diferente. O Lula tem muito prestígio, não o carisma que Bolsonaro tem, mas tem popularidade, é conhecido por todos os brasileiros. O Bolsonaro, não, pois tem um mandato só", afirmou o dirigente.

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