Partidos de Raquel e Marília devem se juntar de olho em 2026, embolando jogo em Pernambuco
Os partidos esperam o fim das eleições municipais para selar oficialmente a união
De olho em 2026, líderes do PSDB e Solidariedade se reuniram em Brasília para negociar a formação de uma federação entre os dois partidos.
Durante o encontro, que contou com nomes conhecidos das duas legendas, como os deputados federais Paulinho da Força (SD) e Aécio Neves (PSDB), os representantes decidiram agendar uma nova reunião nos próximos dias, visando avançar na consolidação dessa parceria.
Ficou estabelecido que, em breve, ambos os partidos se encontrarão com o Cidadania, que já está na federação com o PSDB, para avançar nsa proposta que deverá ser formalizada ainda este ano, logo após as eleições municipais, marcadas para outubro.
O objetivo das legendas é construir um "projeto alternativo de centro" para as eleições presidenciais de 2026.
Com isso, ambos os partidos, que nunca tiveram muita proximidade em Pernambuco, acabam embolando a política estadual, deixando os futuros de Raquel Lyra e Marília Arraes, principais lideranças locais das legendas, incertos.
REFLEXOS EM PERNAMBUCO
Desde sua criação em 2013, o Solidariedade só esteve no mesmo palanque dos tucanos em 2014, quando ambas as siglas apoiaram o então candidato do PSB ao governo do Estado, Paulo Câmara.
Nas eleições seguintes, PSDB e Solidariedade sempre estiveram em lados opostos, sobretudo em 2022, quando se enfrentaram no segundo turno, numa dura disputa entre a atual governadora Raquel Lyra (PSDB) e a ex-deputada federal Marília Arraes (SD).
Se a federação for para frente, Raquel e Marília podem ter que dividir, na prática, o mesmo partido. Aliados de ambas as políticas, contudo, consideram "remotíssima" esta possibilidade.
Por causa disso, nas redes sociais diversos eleitores têm compartilhado rumores e questionamentos sobre o futuro das duas políticas.
Pessoas próximas à governadora afirmam que ela tem uma liderança nata, que a cacifa para ser a condutora da possível federação em Pernambuco, mas frisam que diante do histórico com Marília poderia não haver espaço para as duas no "mesmo teto".
"A governadora, certamente, é uma líder nata e poderia muito bem liderar essa aliança desenhada nacionalmente aqui no Estado, mas o retrospecto local influencia muito. A campanha contra ela [em 2022] foi muito pesada. Isso dificulta um entendimento com Marília", diz, sob reserva, um importante aliado de Raquel.
Além disso, frisa a fonte, a tucana vem sendo alvo do PSD e Podemos, que têm enviado emissários à governadora na tentativa de tê-la entre seus filiados.
Líder-mor do PSD em Pernambuco, o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, inclusive, já afirmou que seria “uma honra” ter a governadora em seu partido.
Sendo assim, a consolidação da nova federação pode ser decisiva para os caminhos partidários da chefe do Executivo estadual, que já negou que sairá do PSDB.
Do outro lado, Marília, que é vice-presidente nacional do Solidariedade para o Nordeste, se reconciliou com o primo e prefeito do Recife, João Campos (PSB), que disputará a reeleição em outubro e tende a ser o principal adversário de Raquel em 2026.
Além disso, a ex-deputada tem usado as redes sociais para tecer críticas à gestão Lyra.
No vídeo mais recente, ela aponta falhas na área de segurança pública no Estado e diz que "não dá para viver de promessas", relembrando compromissos firmados pela governadora durante um debate em 2022.
Para aliados de Arraes, seus posicionamentos afastam a possibilidade de ela dividir a mesma estrutura partidária que Raquel.
Procurada pelo JC, a ex-deputada Marília Arraes disse que está tranquila diante das tratativas nacionais. Segundo ela, as legendas têm consciência de que cada estado tem sua particularidade e que isso tem sido colocado na mesa.
"Diferente do que foi anunciado, não tem martelo batido ainda. Mas estamos tranquilos aqui em Pernambuco, principalmente porque o critério para ter maioria na federação é o voto para deputado federal", diz ela, lembrando que seu partido teve quase 200 mil votos, enquanto o PSDB recebeu pouco mais de 27 mil. "Hoje essa é a situação, mas, claro, amanhã pode ser que mude", completa.
O JC também procurou as assessorias do PSDB em Pernambuco para comentar a possibilidade de federação.
A equipe de comunicação tucana disse que aguardava um posicionamento do presidente estadual da sigla, Fred Loyo. O espaço segue aberto.