Saga pela vice de João Campos termina nesta segunda, com anúncio que terá a presença de Gleisi Hoffmann
Ex-chefe de gabinete do prefeito, o engenheiro Victor Marques, é o nome mais cotado para compor a chapa. Mesmo após negociações, PT ficou de fora.
A disputada vaga de vice de João Campos (PSB) nas eleições de outubro será, finalmente, preenchida nesta segunda-feira (22), em evento que deve contar com a participação da presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, a deputada federal Gleisi Hofmann.
João e Gleisi estiveram reunidos na última quinta-feira (17) com o presidente Lula (PT) e com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em Brasília, para fechar o acordo em torno do nome que acompanhará o socialista no pleito.
O ex-chefe de gabinete de João Campos, Victor Marques (PCdoB), é o mais cotado. Ele foi exonerado no mês de junho, dentro do prazo de desincompatibilização, para que pudesse compor a chapa. Dias antes de deixar o governo, ele se filiou ao PCdoB.
Victor é tido como aliado de primeira linha de João Campos e tem o perfil desejado pelo prefeito para, caso ele seja reeleito e decida se candidatar ao governo de Pernambuco, em 2026, assumir a prefeitura do Recife.
A saga do vice
O PT era um dos interessados na vaga de vice-prefeito de João Campos, também de olho em assumir mais uma vez a prefeitura da capital, em 2026, caso o prefeito tente o governo do estado.
O partido chegou, inclusive, a fazer "prévias" internas para o cargo de vice, colocando vários nomes à disposição para o posto. Depois de uma longa discussão, chegou-se ao nome do ex-vereador Mozart Sales. O deputado federal Carlos Veras também era um dos cotados.
Após a reunião ocorrida em Brasília, na última semana, uma ala do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco enxergou a escolha de Victor Marques como uma derrota. O deputado estadual e ex-prefeito da cidade, João Paulo, por exemplo, afirmou que a sigla saiu humilhada das negociações.
O diretório municipal da legenda, porém, afirmou respeitar a decisão da instância nacional em prol da aliança com o PSB, afirmando que o acordo é "estratégica para o fortalecimento da base de apoio ao governo Lula", e que entende "ser importante dar sua contribuição para a reeleição da Frente Popular, liderada por João Campos".
Já dando indícios de que deixaria o PT de fora dessa decisão, no mês de abril deste ano, João Campos filiou quatro secretários municipais em partidos que poderiam fazer parte de sua chapa: além de Victor, que foi para o PCdoB, Maíra Fischer (de Finanças) se filiou ao União Brasil, Marília Dantas (de Infraestrutura) integrou o MDB e Felipe Matos (Planejamento) entrou para o Republicanos.
Em junho, no final do prazo de desincompatibilização, apenas Marília e Victor foram exonerados da prefeitura, sinalizando que um deles seria o escolhido para compor a chapa.
O prefeito do Recife sempre manifestou o desejo de ter alguém da sua confiança para seguir o trabalho realizado na capital, e bancou sua vontade junto ao presidente Lula, num acordo direto que envolveu os diretórios nacionais do PT e do PSB.
Quem é Victor Marques
Natural de São José do Belmonte, no Sertão de Pernambuco, Victor Marques Alves é engenheiro civil, assim como João Campos. Ele é filho do ex-vereador de São José do Belmonte, Zezinho de Sata, falecido em 2017, e irmão do pré-candidato a prefeito da cidade Vinicius Marques (PSB).
Victor já foi assessor do gabinete de Paulo Câmara (PSB), em 2017, na mesma época em que João Campos era chefe de gabinete o governador. Ele ficou no posto até 2019, quando assumiu a chefia de gabinete de João, quando ele foi eleito deputado federal. Em seguida, tornou-se chefe de gabinete do socialista na prefeitura do Recife.
Victor Marques também foi membro do Conselho de Administração da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), mas deixou o cargo para poder concorrer ao cargo nas eleições deste ano.