Lula sobre caso Silvio Almeida: "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo"

Lula fez as declarações durante entrevista com uma rádio, nesta sexta-feira (6),e marcou reunião com membros do governo para discutir situação.

Publicado em 06/09/2024 às 13:45 | Atualizado em 06/09/2024 às 14:18

O presidente Lula (PT) se pronunciou pela primeira vez sobre as várias acusações de assédio contra o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida.

O chefe executivo disse, durante entrevista com a rádio Difusora Goiânia, nesta sexta-feira (6), que "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo".

"Estou numa briga danada contra a violência contra as mulheres. O meu governo tem uma prioridade em fazer com que as mulheres se transformem, definitivamente, numa parte importante da política nacional. Então, eu não posso permitir que tenha assédio", relatou Lula.

Reunião do governo sobre caso Silvio Almeida

O presidente informou que quando ficou sabendo das denúncias, na noite de quinta (5), protocolou um pedido junto ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, à Advocacia-Geral da União e a Controladoria-Geral da União para que aconteça uma reunião sobre do caso.

Também devem participar do encontro, que acontece na tarde desta sexta (6), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o próprio ministro dos Direitos Humanos.

"Vamos ter que apurar corretamente, mas eu acho que não é possível a continuidade no governo, porque o governo não vai fazer jus ao seu discurso, à defesa das mulheres, à defesa inclusive dos direitos humanos, com alguém que esteja sendo acusado de assédio", disse Lula.

"[Mas] O que posso antecipar para vocês é o seguinte: alguém que pratica assédio não vai ficar no governo", declarou.

Lula: "Ele tem o direito de se defender"

O presidente falou, entretanto, que Silvio Almeida tem o direito de se defender.

"Eu só tenho que ter o bom senso de que é preciso que a gente permita o direito à defesa, à presunção de inocência. Ele tem o direito de se defender", completou.

Silvio Almeida teria assediado a ministra Anielle Franco

Divulgação
Ministro Silvio Almeida e ministra Anielle Franco. - Divulgação

As denúncias contra Silvio Almeida foram feitas pela organização Me Too Brasil, que não revelou o nome das mulheres que procuraram atendimento.

Porém, segundo a coluna do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, mais de 14 pessoas próximas a Anielle Franco confirmaram que ela é uma das vítimas dos episódios de assédio.

Relatos fortes

Ainda de acordo com a coluna de Guilherme, a Anielle relatava que o Silvio Almeida tocava em suas pernas, dava beijos inapropriados ao cumprimentá-la e usava expressões com conteúdo sexual durante conversas.

Nota do Ministério dos Direitos Humanos

O ministro Silvio Almeida se pronunciou através de nota publicada no site do ministério e disse que existe uma "campanha para afetar a minha imagem como homem negro". veja a nota completa abaixo:

"Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.

Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.

Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.

Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.

As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram “denunciação caluniosa”. Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.

Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício."

Quantos MINISTÉRIOS tem o GOVERNO LULA? NÚMERO SURPREENDE!

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