Paes, reeleito, diz que "é hora de parar com a polarização'" no Rio
Paes teve apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT e derrotou Ramagem, do PL, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no Rio
Vencedor do 1º turno na eleição do Rio de Janeiro, neste domingo (6) Eduardo Paes (PSD) obteve 60,47% dos votos para o seu 4º mandato como prefeito, ainda com 100% das urnas apuradas. Paes derrotou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que, apoiado por Jair Bolsonaro, recebeu 30,81% dos votos. Tarcísio Motta (PSOL) ficou em 3º lugar, com 4,20% dos votos.
Prefeito do Rio entre 2009 e 2017, Paes foi candidato a governador do Estado em 2018, mas perdeu para Wilson Witzel. Em 2020, retomou a Prefeitura, ao vencer Marcelo Crivella. Paes é cotado para concorrer a governador em 2026, mas nega a possibilidade.
Paes teve apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. Seu vice é Eduardo Cavaliere (PSD), que foi o seu secretário da Casa Civil até junho.
Cavaliere foi escolhido como um "plano B", após o deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) ter pedido para que não fosse mais considerado possível vice-prefeito de Paes. Conforme mostrou o Estadão, Pedro Paulo quis evitar a exploração de um suposto vídeo íntimo durante a campanha.
Na TV, Paes prometeu ampliar os programas "Morar Carioca", que constrói moradias populares, e "Bairro Maravilha", voltado para o saneamento, o asfaltamento, a drenagem e a iluminação pública. Ele disse ainda que acolherá mais sete mil pessoas em situação de rua e que criará o "Restaurante Popular Carioca".
Recentemente, o prefeito chamou a atenção por prometer o fornecimento gratuito do Ozempic, medicamento de combate a diabetes e usado para o emagrecimento.
Paes também se defendeu, na TV, no campo da segurança pública, após Ramagem ter dito que a violência seria o principal problema da cidade. O prefeito culpou o governador, Cláudio Castro (PL), do mesmo partido que Ramagem, pelos reflexos da criminalidade.
"As prefeituras não possuem os recursos nem os meios para resolver esse problema. É o governo do Estado, que comanda as polícias e que cuida do policiamento das ruas", disse. "Sem uma gestão competente da polícia pelo governo do Estado, nada disso adianta."
Sem polarização
Após o resultado das urnas, o prefeito do Rio mandou uma "mensagem para o Brasil": "Chegou a hora de parar com essa polarização. Dá para se unir independente da visão de mundo. Cuidar de um estado tem muito a ver com cuidar de quem precisa. É uma mensagem para o Brasil. Queria agradecer ao presidente Lula, que ajuda a gente no Rio há muito tempo". Lula se manteve neutro na campanha carioca.
Paes dedicou a vitória em primeiro turno ao presidente e fez acenos ao governador Cláudio Castro (PL). No último debate da disputa no Rio, Ramagem fez críticas à atuação de Castro na Segurança Pública. "Governador Cláudio Castro, estamos do seu lado. A partir de hoje, terminam os conflitos", afirmou Paes ontem.
Segundo o prefeito, "não dá mais para continuar politizando tudo no Rio de Janeiro". Em outro ponto do discurso, Paes disse que, apesar de discordar de pontos da gestão do governador, está aberto para trabalhar com ele, assim como faz com o governo federal.
"O governador precisa entender que é dele esse papel (segurança pública)", pontuou. De acordo com o prefeito, Castro "não pode ceder à pressão política" e cita casos em que o governador teria colocado comandantes em batalhões para atender aliados.
PADRINHO
Bolsonaro abraçou a campanha de Ramagem, que cresceu nas pesquisas de intenção de voto e chegou a ameaçar o favoritismo do Paes. O ex-presidente acompanhou a votação no Rio, ao lado do afilhado, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligêcia (Abin) em sua gestão.
Apesar de ter o apoio do presidente Lula, Paes não cedeu a pressões do PT e manteve em como vice um nome de sua confiança e do mesmo partido: Eduardo Cavaliere. Para 2026, um caminho desejado pelo prefeito é se candidatar ao governo do estado do Rio.