Eleições em Olinda: Articulação com João Campos fez com que Vinicius Castello tivesse antigos rivais em seu palanque

O prefeito reeleito no Recife, com 78,11%, João Campos, foi um dos maiores apoiadores da candidatura do petista na Marim dos Caetés

Publicado em 25/10/2024 às 18:06

O segundo turno das eleições municipais, marcado para 27 de outubro, conta com a concorrência em Olinda entre o Vinicius Castello (PT) e Mirella Almeida (PSD), candidata apoiada pelo atual prefeito, Professor Lupércio (PSD) e pela governadora do estado Raquel Lyra (PSDB). A campanha entre os dois tem sido intensa nas redes sociais e bastante competitiva nas urnas.

No primeiro turno, o Castello obteve 38,75% dos votos válidos, totalizando 80.422 votos, enquanto Mirella alcançou 30,02%, com 62.289 votos, contrariando as pesquisas que a colocavam como favorita.

Além do apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Vinicius conta com a presença de João Campos (PSB), prefeito reeleito do Recife com 78,11% dos votos (725.721 votos). Campos tem sido um dos principais articuladores de apoio ao postulante, promovendo alianças entre partidos em busca de ampliar o respaldo político ao candidato.

Novos apoios e mudanças de posicionamento

Uma das articulações mais significativas lideradas por Campos foi com o MDB. Em 11 de outubro, após conversas entre o prefeito do Recife e o diretório do partido, o MDB, que antes apoiava Mirella, declarou seu apoio a Vinicius. A mudança foi anunciada por Saulo Holanda (MDB), vereador mais votado em Olinda, que até o primeiro turno apoiava a candidata do PSD e participou de eventos com ela até 4 de outubro.

O vereador eleito Everaldo Silva (PSD) também declarou apoio ao petista, apesar de ser do mesmo partido que a candidata adversária. Esse apoio foi destacado nas redes sociais de Vinicius como “do partido da laranja declara voto”.

Em entrevista ao JC, a cientista política Priscila Lapa comentou sobre essa mudança de lados políticos, a presença do prefeito reeleito e, também, sobre arrecadação de apoiadores por Mirella, afirmando que “ela acabou trazendo pessoas importantes para o seu palanque, mostrando sua capacidade de ser uma candidata competitiva, mesmo não ficando em primeiro lugar”.

Lapa destaca a divisão de forças e a habilidade de João Campos em fazer interlocução com grupos políticos, fortalecendo alianças. Ela também aponta um desgaste na imagem de Vinicius, que criticou Campos no passado, mas agora se torna um de seus principais aliados: “Nem sempre o eleitor entende dessa maneira; essa mudança soa como incoerência política. Mas a memória do eleitor brasileiro é um pouco curta”.

Segundo Priscila, em situações de polarização, pode ser difícil justificar alianças. Apesar disso, Campos mantém sua popularidade e capacidade de se reeleger, mas ao emprestar sua imagem a outros, pode enfrentar desgaste, caso não consiga eleger seus aliados. Ela cita que agora esses apoios podem ser de alguma forma 'inexpressivos', mas que “com o tempo, podem ser decisivas no processo eleitoral”.

Outros apoios partidários

O partido Avante também anunciou seu apoio a Castello em 16 de outubro. De acordo com o presidente estadual da legenda, Sebastião Oliveira, “suas propostas dão atenção especial ao enfrentamento às desigualdades sociais, ao combate à fome e à geração de empregos e oportunidades”. Outro vereador, Biai (Avante), que está em seu 9º mandato consecutivo e era um dos principais apoiadores de Lupércio, decidiu apoiar o postulante. A articulação, mais uma vez, teve a participação de João Campos.

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Candidatos que participaram do primeiro turno da eleição em Olinda também decidiram apoiar Vinicius, como Márcio Botelho (PP), ex-vice de Lupércio; Antônio Campos (PRD); e André Avelar, vice da candidata do Partido Liberal, Izabel Urquiza, junto com seu partido, Mobiliza.

Eleições 2026

A cientista discute a dinâmica entre João Campos e Raquel Lyra, afirmando que "tanto Olinda quanto Paulista são redutos de consolidação para João Campos, onde a governadora não performa bem. Se ela ganhar esses dois redutos, isso será um indicativo de que pode estabelecer uma base na Região Metropolitana, que hoje não tem".

O candidato do prefeito reeleito em Paulista é Junior Matuto (PSB), enquanto o de Raquel é Ramos (PSDB), que vem tomando vantagem nas pesquisas, trazendo outra disputa entre os dois.

Ela observa que, ao conquistar um desses redutos, Raquel poderá começar a fortalecer sua presença na região, que atualmente não é tão sólida para sua gestão. "Por outro lado, se Raquel perder nesses dois redutos, isso se torna uma prova de fogo para consolidar uma base expressiva e progressiva para sua reeleição em 2026".

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