"Sou uma mulher sem partido por falta de opção", diz Manuela D'Ávila após sair do PCdoB depois de 25 anos

A ex-deputada federal Manuela D'Ávila oficializa a saída do PCdoB, depois de passar mais de 20 anos; em nota o partido lamenta a decisão

Publicado em 04/11/2024 às 16:07 | Atualizado em 04/11/2024 às 16:09

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) anunciou oficialmente, no último domingo (3), a saída de Manuela D'Ávila, ex-deputada federal, após cerca de 25 anos de filiação. Em nota publicada nas redes sociais, o partido destacou que a decisão partiu da própria Manuela, apesar dos esforços para mantê-la na legenda. Segundo eles, houve um "diálogo persistente e respeitoso" para evitar o desfecho, mas sem sucesso.

A ex-parlamentar já havia mencionado sua saída em um evento do ICL Notícias no mês de outubro, quando afirmou: "Depois de 25 anos num único partido, eu não sou uma mulher sem partido por opção, eu sou por falta de opção", e disse que era difícil encontrar uma nova direção em um "campo progressista".

Durante o debate, ela também destacou "dificuldades dentro da esquerda em relação ao enfrentamento ao bolsonarismo". Criticou a falta de abertura para discussões aprofundadas, afirmando que ao tentar debater avanços, muitas vezes enfrenta reações negativas.

Trajetória política

Manuela Pinto Vieira D'Ávila, aos 43 anos, iniciou sua carreira política no movimento estudantil. Em 2004, aos 23 anos, foi eleita a vereadora mais jovem de Porto Alegre. No ano de 2006, conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados, onde permaneceu por dois mandatos. Em 2014, assumiu um cargo como deputada estadual.

Nas Eleições 2018, foi candidata à vice-presidência da República na chapa de Fernando Haddad (PT), atual ministro da Fazenda. Na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre em 2020, foi derrotada por Sebastião Melo (MDB).

Nota oficial do PCdoB

Manuela d’Ávila comunicou publicamente sua saída das fileiras do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), depois de mais de duas décadas de militância. Respeitamos, mas lastimamos tal decisão. Ser membro do PCdoB é um ato de liberdade e de convicções.

Manuela se formou no PCdoB e se integrou ao elenco das lideranças da esquerda e do campo progressista brasileiro. Alcançou esse destaque pela confluência entre suas capacidades, a força e o talento do coletivo militante e a política justa da legenda comunista.

Convictos de que no PCdoB Manuela poderia desempenhar papéis relevantes para a reconstrução do País, nesse momento de grandes exigências da luta de classes no Brasil e no mundo, empreendemos com ela um diálogo persistente e respeitoso, no esforço para que o desfecho fosse outro.

O PCdoB, legenda centenária, envolto nas grandes lutas da contemporaneidade, sustentado pelas convicções e compromissos de seu coletivo militante e de suas lideranças, segue em sua jornada por um Brasil democrático, soberano, desenvolvido. Para tal, empenha-se no fortalecimento da frente ampla, impulsionada pela esquerda, num processo de unidade e luta, tática indispensável ao êxito do governo Lula e para isolar e derrotar a extrema-direita.

O PCdoB, na agenda da democracia interna que o rege, iniciará em breve, os debates de seu 16º Congresso. Sempre confiante na sabedoria do seu coletivo e no método de dialogar e interagir com o pensamento progressista e revolucionário de nosso país, irá debater os problemas e dilemas que desafiam a esquerda brasileira a empreender, agora e já, a luta por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que, na concepção de seu Programa, é o caminho brasileiro para o socialismo.

Brasília, 3 de novembro de 2024

Comissão Executiva Nacional do Partido Comunista do Brasil - PCdoB

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