No STF, Fux proíbe aplicação de benefícios sociais em bets e manda Fazenda tomar medidas
Decisão estabelece que governo deve tomar medidas para impedir que beneficários utilizem recursos de programas assistenciais em apostas online
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu que os valores de benefícios sociais, como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC), sejam aplicados em apostas on-line, as chamadas "bets".
A decisão do ministro foi publicada na manhã desta quarta-feira (13).
Em setembro, o Banco Central divulgou um estudo que mostra que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com bets, somente via Pix, em agosto de 2024.
Publicidade para crianças e adolescentes
A decisão também determina implementação imediata da regulamentação que proíbe a publicidade de bets que tenha crianças e adolescentes como público-alvo.
Embora a portaria que regulamenta a publicidade voltada a crianças e adolescentes tenha entrado em vigor em julho, a norma define que as regras de fiscalização, de monitoramento e de sanção pelo descumprimento seriam implementados a partir de 1º de janeiro de 2025.
"Verifica-se que o atual cenário de evidente proteção insuficiente, com efeitos imediatos deletérios, sobretudo em crianças, adolescentes e nos orçamentos familiares de beneficiários de programas assistenciais, configura manifesto periculum in mora", relatou o ministro.
"Periculum in mora" é um jargão jurídico que significa "perigo na demora".
Decisão de Fux
A liminar de Fux foi deferida no âmbito de ações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), do partido Solidariedade e da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a Lei das Bets, que regulamenta a atividade no País.
Nos últimos dias, o Supremo realizou audiências públicas para ouvir especialistas sobre o tema.
Na terça-feira (12), Fux disse que a regulamentação é condição para a manutenção das apostas on-line, legalizadas no Brasil em 2018.