Alepe recebe proposta de Frente Parlamentar Contra Violência no Futebol

Brigas de torcidas organizadas em Pernambuco foi pauta de deputados no primeiro dia de trabalhos na Alepe em 2025, com críticas a decisões do governo

Publicado em 03/02/2025 às 21:44 | Atualizado em 04/02/2025 às 12:57
Google News

Após os incidentes registrados com torcidas organizadas de Santa Cruz e Sport no último sábado (1), deputados estaduais aproveitaram o primeiro dia de trabalhos legislativos em 2025, nesta segunda-feira (3), para se manifestar sobre o tema e cobrar soluções das autoridades.

Na tarde desta segunda-feira (3), o deputado Rodrigo Farias (PSB) protocolou requerimento pedindo a criação da Frente Parlamentar de Combate à Violência em Eventos Esportivos. Para o deputado, o ocorrido no último sábado foi “uma verdadeira barbárie” e precisa ser “combatido com firmeza”.

“A violência ligada ao futebol não pode mais ser tratada como um problema pontual. O que vimos no último sábado foi uma verdadeira barbárie, que impediu pais e mães de saírem de casa com seus filhos, fechou o comércio mais cedo e colocou a vida de pessoas inocentes em risco. Isso não é paixão pelo time, é crime, e precisa ser combatido com firmeza”, afirmou.

Caso aprovada, a Frente Parlamentar terá prazo inicial de dois anos e propõe trabalho conjunto entre parlamentares, órgãos de segurança, clubes, federações esportivas e representantes da sociedade civil para discutir medidas efetivas de combate à violência nos estádios e arredores. Entre as principais diretrizes estão o aprimoramento da legislação estadual, a fiscalização das ações de segurança pública e a criação de campanhas educativas para conscientizar torcedores.

O deputado reforçou a necessidade de uma ação coordenada e de políticas públicas que evitem a repetição de episódios como o do último fim de semana.

“Precisamos de soluções que vão além da repressão imediata. É necessário um trabalho de longo prazo, que envolva inteligência policial, regulamentação das torcidas organizadas e uma mudança na cultura de violência que infelizmente se instalou no futebol pernambucano”, destacou.

Parlamentares criticaram atuação do governo

O presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB) criticou a condução do caso por parte da Secretaria de Defesa Social (SDS), destacando que “houve falha da inteligência” das forças de segurança.

“O que vem sendo noticiado, é que o pessoal da polícia, tanto a Militar como a Civil, sabiam de todas as informações desses encontros de torcidas, que eles passaram a semana postando. Mas eu acho que isso aí tem que ser o comando. Isso aí o secretário de Segurança é quem tem que determinar isso, porque os policiais, tanto os agentes como os soldados, sargentos, eles recebem ordens. Então eu acho que houve falha realmente por parte da inteligência, acho que foi do comando mesmo”

Álvaro Porto também comentou a decisão – já derrubada em liminar pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) – de proibir público em partidas de Sport e Santa Cruz pelos próximos 5 jogos, anunciada logo após a partida, no último sábado. Para o presidente da Alepe, que pediu o cancelamento da partida, ainda na tarde do sábado, os envolvidos nos incidentes precisam ser proibidos de ir aos jogos.

“Essa questão de suspender para não ter torcida, eu acho que isso aí é errado e vai prejudicar muito os clubes que já estão numa situação que muitos deles dependem até da renda da bilheteria para liquidar a folha do pagamento, então eu acho que o governo do estado tem que botar mesmo a inteligência na rua tem que proibir, esse pessoal praticamente quase todos já estão identificados, então é proibir esse povo até de ir de jogo e sair de casa”

O líder da oposição, Diogo Moraes (PSB), criticou a atuação do governo no ocorrido. Para Diogo, a população pernambucana “foi largada à própria sorte diante da bárbarie” e o incidente demonstra “completa inabilidade” do governo na atuação preventiva de monitorar a ação de “grupos criminosos que se dizem torcedores”.

“O Secretário de Defesa Social, Dr. Alessandro Carvalho, quando perguntado, não admitiu a ocorrência de falhas no esquema de segurança. E ainda hoje perguntou quem tinha mais direito, se 30 mil ou 3 milhões. Na verdade, o direito é de todos. Todos têm direito à segurança pública, seja em eventos, seja em situações de festas, seja no dia a dia de cada um de hoje. É preciso que tamanha soberba precisa acabar. É preciso humildade de reconhecer os pontos de melhoria e convidar os demais atores, inclusive esta Assembleia, a fazer parte desta solução”, criticou.

Raquel Lyra espera "consensos" e volta de normalidade no futebol de PE

A governadora Raquel Lyra (PSDB) afirmou que espera "consensos" entre autoridades, clubes e Federação Pernambucana de Futebol (FPF), para que o futebol de Pernambuco possa "voltar à normalidade". Ainda de acordo com Raquel, os envolvidos precisam ser banidos dos clubes e dos estádios.

"A gente espera em bom termo que possa ter realização de consensos para que a gente possa voltar à normalidade no futebol, que não pode haver essa mistura de crime com torcida e a gente precisa banir essas pessoas dos clubes, dos estádios e que as torcidas que não são regulares funcionem.

Raquel enfatizou que o trabalho precisa ser realizado em conjunto e uma construção em torno da pauta. Para a governadora, "não tem ganhador" no ocorrido no último sábado. 

Então, esse é um trabalho que é feito em conjunto, nós não estamos sozinhos nessa história, muito pelo contrário, dialogamos e construímos isso junto. É jogo, hoje, o que aconteceu no sábado, todo mundo é perdedor, não tem ganhador nessa história, não tem protagonista nessa história, muito menos antagonista, que a gente precisa de união para fazer, devolver a normalidade para a vida de Pernambuco", disse.

Tags

Autor