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Políticos repudiam fala de Plínio Valério sobre ‘enforcar’ Marina Silva e senador diz não se arrepender

Declaração dada em evento no Amazonas mobilizou rede de solidariedade à ministra e repreensões ao senador, para quem a fala foi uma ‘brincadeira’

Publicado em 20/03/2025 às 11:27 | Atualizado em 20/03/2025 às 11:29
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Políticos reagiram à fala do senador Plínio Valério (PSDB-AM) sobre “enforcar” a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por não “tolerar” ouvi-la “por seis horas”, dita em um evento da Fecomércio, no Amazonas. A declaração foi considerada infeliz e incitadora de violência política de gênero por outros parlamentares. Em resposta às críticas, o senador disse não se arrepender.

“A Marina esteve na CPI das ONGs por seis horas e dez minutos. Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse Plínio Valério no evento, na última sexta-feira.

Em entrevista ao programa "Bom dia, ministra", do CanalGov, nesta quarta-feira (19), Marina Silva comparou o senador a “psicopatas” e afirmou que a fala incentiva a violência contra a mulher. Marina disse ainda que a declaração vai além de uma divergência política que o comportamento seria diferente caso ele se referisse a um homem.

“É dito porque é com uma mulher, uma mulher preta, de origem humilde, que tem uma agenda que em muitos momentos confronta o interesse de alguns”, afirmou.

A ministra também criticou o tom de brincadeira na fala de Plínio Vário, afirmando que ameaçar a vida de alguém não pode ser tratado como algo trivial.

“Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros, faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”, disse.

Políticos repreendem Plínio Valério

Em plenária nesta quarta-feira (19), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), repreendeu a fala do colega tucano, classificando-a como “infeliz” e como “combustível” para as agressões vistas na sociedade brasileira.

Ele também afirmou que, mesmo em “tom de brincadeira”, a declaração “agride infelizmente o que nós estamos querendo para o Brasil” e defendeu que o senador deveria pedir desculpas.

“Não concordo com muitas posições ideológicas da ministra de Estado do Meio Ambiente com relação ao país, mas (eu) tenho certeza absoluta que o meu irmão, meu amigo senador Plínio Valério vai rapidamente pedir desculpas e recompor essa fala infeliz”, disse o presidente do Senado.

Na rede social X, a deputada federal Tábata Amaral (PSB-SP) expressou solidariedade à ministra Marina Silva e classificou as palavras de Plínio Valério como “absurdas”. Tábata acrescentou a fala “não é piada” e questionou: “Até quando?”.

A senadora e Procuradora Especial da Mulher no Senado, Zenaide Maia (PSD-RN), emitiu uma nota de repúdio às falas do parlamentar tucano. No texto, ela diz que “enforcar significa matar” e defende que “um pedido honesto e público de desculpas” seria o “mínimo” que Plínio Valério “deveria dirigir à ministra ofendida e a todas as mulheres brasileiras, inclusive às da própria família dele”.

Zenaide Maia também expressou solidariedade à Marina Silva, afirmando suas credenciais de “autoridade mundial em sustentabilidade, defesa dos recursos naturais e mudanças climáticas” nem precisariam ser elencadas, “porque toda violência contra toda mulher tem que ser evitada, combatida e, sim, punida”.

“Toda a minha solidariedade à ministra Marina Silva. Se o senador agrediu uma ministra, agrediu também a todas nós parlamentares e a todas as brasileiras. Todas nós somos Marina”, disse a senadora.

Senador não se arrepende

Na sessão plenária no Senado na tarde desta quarta-feira, Plínio Valério reclamou da repreensão feita pelo presidente da casa, Davi Alcolumbre, classificando a cobrança como injusta e afirmando que ela poderia ter sido feita de forma privada.

"Se eu quisesse ser machista, eu estava ferrado! Eu sou cercado de mulheres, então, querer imputar a mim, presidente Davi, e o senhor deveria ter conversado comigo antes de fazer isso, porque pegou mal para cacete…”, disse o senador.

Plínio negou que tenha tido intenção de ofender a ministra e chamou sua fala de “brincadeira”, argumentando que “todo mundo riu”. No pronunciamento, ele ironizou a mobilização que a declaração gerou, afirmando que o Senado "ficou sensibilizado com uma frase" e que tudo não passa de uma "tempestade em copo d'água".

Sem se desculpar, o senador afirmou que não se arrepende da fala.

"Se você perguntar: 'Você faria de novo?'. Não. 'Mas está arrependido?'. Não, porque eu não ofendi", declarou.

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