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A MULHER DA CASA ABANDONADA: entenda a história por trás do podcast do jornalista Chico Felitti, que tem sido sensação na internet e comovido os ouvintes 

Investigação do jornalista Chico Felitti resultou no podcast 'A Mulher da Casa Abandonada', com história chocante

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Lívia Maria

Publicado em 01/07/2022 às 19:23 | Atualizado em 05/07/2022 às 17:21
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Matéria atualizada em 03/07/2022, às 17h

Os fãs de podcasts têm uma nova obsessão: 'A Mulher da Casa Abandonada' é o assunto mais comentado da podsfera nas últimas semanas. Memes, grupos para debate e até mesmo um 'ponto turístico' inusitado em São Paulo são resultado do hype em torno da história investigativa, liderada pelo jornalista Chico Felitti, e publicada semanalmente em episódios que prendem atenção do ouvinte do começo ao fim.

Porém, sobre o que é o podcast 'A Mulher da Casa Abandonada'? Qual o caso por trás da história que tem chamado tanta atenção?

'A mulher da Casa Abandonada': um retrato da elite brasileira 

O bairro de Higienópolis, em São Paulo, é o cenário onde se desvela parte da história do podcast 'A Mulher da Casa Abandonada', do jornalista Chico Felitti.

Como o nome sugere, o objeto de investigação é uma mulher excêntrica, que usa uma camada de pomada branca no rosto e mora em uma mansão abandonada em um dos bairros mais ricos da capital paulista: Margarida Bonetti, que se apresenta como Mari. Mas, Mari não é quem diz ser e ela tem muito a esconder sob a grossa camada de pomada que usa no rosto.

O perfil dessa mulher se desdobra e ganha contornos inesperados quando Felitti se esbarrou na "história mais louca com que já cruzei", segundo disse em entrevista ao Papel Pop.

Margarida Bonetti não é, ao contrário do que o jornalista imaginava, uma senhora abandonada pela família vivendo sozinha, mas uma mulher que 22 anos atrás fugiu dos Estados Unidos em meio a uma investigação do FBI na qual ela e seu então marido, Renê Bonetti, eram suspeitos de um dos crimes mais hediondos.

O podcast 'A Mulher da Casa Abanadonada' se tornou um dos maiores sucessos das últimas semanas nas plataformas de straming e desde sua estreia não sai do topo da lista de episódios mais ouvidos da semana do Spotify. Produzido pela Folha de São Paulo, o trabalho é fruto de seis meses investigação de Felitti, que foi atrás da história por curiosidade em relação à casa e à moradora.

"É uma história que dá várias cambalhotas. Comecei achando que seria um perfil delicado de uma pessoa marginalizada pela sociedade, uma mulher vítima de misoginia, mas acabei me deparando com uma história de crime e de crueldade como eu nunca havia investigado", diz Felitti, à Folha.

O que ele encontrou, entretanto, foi uma história real, que parece ficção, mas que captura um modus operandi da elite brasileira de forma como poucos causos conseguem. O sucesso, entretanto, não era esperado pelo criador. 

“Não fazia ideia de que seria um estouro assim, porque não é exatamente uma série de crime, né? É o perfil de uma pessoa que representa a elite de um país, então achei que pudesse ficar mais restrito a quem já consumia uns podcasts do gênero. Mas hoje vi os memes da [plataforma] Obvious e percebi que alguma coisa saiu do controle”, revelou Felitti.

Qual o caso do podcast 'A Mulher da Casa Abandonada'?

Margarida Bonetti e Renê Bonetti é um casal de brasileiros que residiam nos Estados Unidos. Casados no Brasil, os Bonetti se mudaram para o outro país e dos pais de Margarida receberam uma como "presente" uma empregada da família.

Sim, uma pessoa foi dada como presente de casamento tal qual um objeto em pleno século XX - pouco menos de 100 anos depois da abolição oficial da escravatura no Brasil.

Nos Estados Unidos, a vítima viveu em condições análogas à escravidão por mais de 20 anos, sem falar inglês, sem dinheiro, sem acesso aos cuidados básicos de saúde e sendo humilhada e espancada pelos Bonetti.

A triste história da brasileira só chegou ao fim após uma vizinha decidir ajudá-la a fugir da casa e procurar amparo em uma comunidade religiosa em um dos raros momentos em que ela ficou sozinha na casa, durante as férias que os Bonetti viajaram ao Brasil.

Por dois anos, o FBI investigou o casal, colhendo depoimentos da vítima até que, em 2001, indiciaram Renê Bonetti pelos crimes. Margarita Bonetti, entretanto, escapou da Justiça estadunidense ao fugir para o Brasil ainda durante investigação. O ex-marido, que já possuía passaporte dos Estados Unidos, não teve a mesma 'sorte': foi condenado na corte há 6 anos de prisão, pagamento de multas ao Estado e à vítima.

Quem é Margarida Bonetti?

Protagonista do podcast, Margarita Bonetti, ou Mari, como se apresenta hoje em dia, chama atenção do público pelo fato de usar uma pomada branca no rosto. Quando Chico Felitti a encontrou pela primeira vez, em dezembro de 2021, a mulher usava uma máscara que já estava oleosa e grudando no rosto, devido à pomada.

 

O rosto de Margarida é uma das maiores curiosidades do público, que logo encontrou fotos da moradora da casa abandonada. Além disso, diversos curiosos foram até à casa e conseguiram um vislumbre de Margarida.

Todas as fotos divulgadas nas redes sociais mostram Margarita Bonetti usando a máscara de pomada no rosto, espiando pela janela da mansão abandonada os transeuntes. Algumas fotos, inclusive, foram julgadas como montagem, mas são reais.

 
 
 
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O podcast 'A Mulher da Casa Abandonada' ainda não foi publicado na íntegra. Todas as quartas-feiras, às 7h da manhã, sai um novo episódio. No total, serão sete episódios, cada um contendo novas revelações sobre o caso.

A pergunta mais intrigante na mente dos ouvintes, se Margarida ainda pode pagar pelos crimes cometidos, será analisada e respondida no penúltimo episódio, que está marcado para ir ao ar no dia 13 de julho.

Quem é 'a mulher da casa abandonada'? Saiba tudo sobre a história que tomou conta da internet

Portanto, se você ainda não conferiu o mais novo trabalho de Chico Felitti, ainda dá tempo de se atualizar.

Vale lembrar que 'A Mulher da Casa Abandonada' também está sendo transcrito para que todos tenham acesso ao conteúdo, inclusive pessoas com dificuldades para ouvir e a comunidade surda.

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