Facebook suspende projeto criticado do Instagram para menores de 13 anos
Com o nome não oficial "Instagram Kids", a iniciativa gerou críticas assim que se tornou conhecida neste ano
O Facebook informou nesta segunda-feira (27) que suspendeu o desenvolvimento de uma versão para menores de 13 anos de seu aplicativo Instagram, após ser amplamente questionado, em meio à preocupação com possíveis efeitos prejudiciais na saúde mental das crianças.
A decisão de interromper o projeto ocorre depois que o "Wall Street Journal" publicou uma série de reportagens que revelam que a própria investigação do Facebook mostrou que a empresa está ciente do dano que o Instagram pode causar à saúde mental dos adolescentes.
Além disso, o anúncio do Facebook chega poucos dias antes de uma audiência com senadores americanos convocada em resposta à indignação gerada pelas reportagens do jornal.
O chefe do Instagram, Adam Mosseri, disse que o projeto, no qual o acesso de menores seria supervisionado por seus pais, foi mal interpretado.
“Começamos o projeto para enfrentar um grande problema que vemos em todo o país: crianças cada vez mais novas ganham telefones e baixam aplicativos destinados a maiores de 13 anos”, disse ele em um comunicado.
"Acreditamos realmente que seria melhor que os pais tivessem a opção de oferecer aos seus filhos uma versão do Instagram projetada para que eles pudessem monitorar e controlar a experiência, em vez de depender da capacidade do aplicativo de verificar a idade dos filhos, jovens demais para ter um documento de identidade ", explicou. “A necessidade de desenvolver essa experiência se mantém, mas decidimos pausar o projeto”, disse.
A suspensão permitirá consultar pais, especialistas, políticos e reguladores para ouvir suas preocupações "e demonstrar o valor e a importância do projeto", disse Mosseri.
Com o nome não oficial "Instagram Kids", a iniciativa gerou críticas assim que se tornou conhecida neste ano.
Efeitos tóxicos
Em maio, um grupo de senadores americanos pediu ao Facebook para interromper o desenvolvimento dessa versão e apresentou um "histórico de falhas na proteção de crianças nas plataformas".
Uma campanha contra a publicidade infantil atacou o Instagram por seu "foco implacável na aparência" e afirmou que "as crianças mais novas são menos desenvolvidas para lidar com esses desafios" do que os adolescentes.
Após as revelações do Wall Street Journal sobre os potenciais danos das plataformas do Facebook, a senadora Marsha Blackburn e seu colega Richard Blumenthal anunciaram a realização de uma audiência dedicada a analisar a proteção das crianças nas redes sociais.
"Esta audiência vai examinar os efeitos tóxicos do Facebook e Instagram nos jovens e em outros. Uma das muitas perguntas que faremos é se as grandes empresas tecnológicas estão cientes de que estão prejudicando as pessoas e escondem isso", disse Blumenthal na semana passada.
O Facebook confirmou que sua chefe global de segurança, Antigone Davis, irá depor na audiência.
Grupos de defesa da infância receberam a notícia com satisfação e criticaram os riscos do uso do Instagram por crianças. "O anúncio de hoje deveria dar esperança a qualquer um que considere que o bem-estar das crianças deve estar acima dos lucros das grandes empresas de tecnologia", expressou a Fairplay, organização sem fins lucrativos dedicada à proteção da infância.
A "Campanha por uma Infância Não Comercializada" atacou o Instagram por seu "foco incansável na aparência" e alegou que "as crianças mais novas estão menos desenvolvidas para lidar com esses desafios".
O Facebook respondeu às informações do "Wall Street Journal" destacando que os estudos detalham tanto as experiências positivas quanto as negativas dos jovens com as redes sociais.
Para Alex Stamos, ex-chefe de segurança da empresa, o problema vai além. “Os pré-adolescentes provavelmente não deveriam ter celulares, mas os pais lhes dão... Os adolescentes provavelmente não deveriam estar nas redes sociais, mas seus pais o permitem”, tuitou.