Patrimônio

Santa Casa de Misericórdia vai abrir complexo cultural em Goiana

Espaço para exposições e espetáculos de dança, teatro e música serão instalados no prédio do antigo hospital e na igreja da entidade

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 26/07/2015 às 8:24
Foto: Priscilla Buhr/Arquivo JC Imagem
Espaço para exposições e espetáculos de dança, teatro e música serão instalados no prédio do antigo hospital e na igreja da entidade - FOTO: Foto: Priscilla Buhr/Arquivo JC Imagem
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A Santa Casa de Misericórdia de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, é um conjunto formado por uma igreja e um prédio anexo que no passado funcionava como hospital. Fechadas desde 2009, para obras emergenciais no templo católico, as edificações serão restauradas e vão reabrir como complexo cultural.

Moradores e visitantes da cidade, no entanto, devem ter paciência. As intervenções nos dois prédios estão previstas para começar em dois meses (no mínimo) e o prazo de execução é de três anos.

Quando o trabalho terminar, missas, casamentos e batizados voltam a ser realizados na igreja, dedicada a Nossa Senhora dos Milagres e conhecida pela boa qualidade da sua acústica. Mas, exatamente por esse diferencial, a nave do prédio, aquele local onde os fiéis assistem à missa, também acolherá apresentações de música, dança e teatro.

“Queremos fazer da igreja, monumento do século 18, um teatro permanente, inclusive com iluminação cênica”, diz o provedor da Santa Casa de Goiana, Bosco Rabello. Construído em 1723, o templo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938.

No prédio anexo, um edifício de dois pavimentos, Bosco Rabello pretende instalar um auditório multimídia com capacidade para 126 pessoas e adaptado para exibição de filmes e projeção de imagens.

O pavimento térreo do anexo, de uso polivalente, será dedicado a exposições temporárias. A proposta da Santa Casa, diz ele, é abrir o local para mostras artísticas de modo geral: fotografia, pintura, desenho e arte sacra, entre outras.

“Temos imagens de santos, vestimentas e diversos objetos de culto religioso no nosso acervo, para montar uma das exposições”, adianta Bosco Rabello. “A rotatividade é interessante e importante porque leva novidades para a cidade.”

O projeto completo de restauração do Conjunto Arquitetônico da Santa Casa de Misericórdia de Goiana está avaliado em R$ 10,385 milhões. Semana passada, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aprovou o financiamento no valor de R$ 8.374.587,92.

De acordo com o provedor da entidade, o projeto foi submetido ao Ministério da Cultura e aprovado em 2013. A captação dos recursos é feita pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet.

RESGATE

A restauração da Igreja da Misericórdia, informa Bosco Rabello, vai recuperar o douramento de imagens de santos, do altar, do púlpito e de sacadas, escondidas em sucessivas camadas de tinta.

Pintado de branco, o pano da pureza que cobre a genitália do Cristo Crucificado, era dourado. Assim como a roupa marrom de Santo Antônio e o bordado do manto de Nossa Senhora dos Milagres, diz Bosco Rabelo.

Também faz parte dos planos da Santa Casa resgatar a feição de origem da fachada do prédio, que tinha aparência de mármore. “A prospecção (remoção de repinturas em trechos da parede) revelou que a fachada inteira é pintada com essa técnica, chamada marmorino.”

As Santas Casas, diz ele, eram criadas com apoio da Coroa portuguesa e instaladas em vilas de Portugal e sedes de capitanias. “Goiana era sede da Capitania de Itamaracá”, justifica o provedor.

Documentos preservados pela entidade desde o século 18, contando a história política e social do município, serão disponibilizados ao público no futuro Departamento Cultural da instituição. “Vamos bater em outras portas e tentar levantar o restante dos recursos para a obra.”

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