O Dom da Paz

Comissão da Verdade narra ação do regime contra indicação de Dom Helder ao Nobel

Fundador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), D. Helder morreu em 1999 no Recife

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 16/12/2015 às 13:57
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Fundador da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), D. Helder morreu em 1999 no Recife - FOTO: Foto: ABr
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A Comissão da Verdade de Pernambuco apresentará nesta sexta-feira (18), no Recife, um dossiê com documentos inéditos que, segundo o colegiado, comprovam perseguição a Dom Helder Câmara durante a ditadura militar e ações para barrar sua indicação ao prêmio Nobel da Paz.

D. Helder foi grande defensor dos direitos humanos no regime dos generais que se prolongou de 1964 a 1985. Durante longos anos ele agiu destemidamente ao lado de militantes que foram alvo da polícia política e atirados aos porões.

"A ditadura atuou desrespeitando os direitos humanos mais elementares e a própria história da diplomacia brasileira", afirma Fernando Coelho, coordenador da Comissão.

Nascido no Ceará, em 1909, d. Hélder foi um dos criadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tendo como modelo de Igreja a que age primeiramente pelos pobres. Dizia que servir ao próximo era a melhor maneira de servir a Deus. Morreu em agosto de 1999, no Recife, aos 90 anos.

O dossiê de 229 páginas é intitulado Caderno Especial "Prêmio Nobel da Paz: A atuação da Ditadura Militar Brasileira contra a indicação de Dom Helder Câmara". O trabalho é resultado de uma das relatorias temáticas da Comissão da Verdade de Pernambuco que investiga as "violações de direitos humanos nos meios religiosos".

"Na sistematização de informações que visa demonstrar os abusos praticados pelo regime ditatorial, neste setor da sociedade, destaca-se a relevância de Dom Helder Câmara na sua luta permanente e ecumênica contra as torturas, mortes e desaparecimentos forçados promovidos pela perseguição política. Passamos então a escrever sobre uma lacuna da resistência democrática no Brasil e com isso mostrar a importância do direito à memória e à verdade na medida que fatos e documentos passam a ser de domínio público e permitem novos e importantes estudos sobre o tema", explica o relator Manoel Moraes.

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