Patrimônio

Biblioteca da Academia Pernambucana de Letras aberta ao público

Acervo formado ao longo dos 114 anos de existência da APL tem mais de 30 mil títulos. Cerca de mil publicações são consideradas raras e valiosas

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 10/01/2016 às 8:08
Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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A partir das 16h desta segunda-feira (11), a Academia Pernambucana de Letras (APL) apresenta ao público, pela primeira vez, a Biblioteca Waldemar Lopes, formada por mais de 30 mil livros dos séculos 17 ao 21. Quase todos ficarão à disposição dos interessados, para leitura no prédio anexo da instituição (Avenida Rui Barbosa, 1596, Graças, bairro da Zona Norte do Recife) ou empréstimo por tempo limitado, exceto as obras raras e valiosas.

Por enquanto, mais de quatro mil volumes, do acervo construído ao longo dos 114 anos de fundação da APL, estão prontos para consulta. Os demais exemplares serão liberados aos poucos. Grande parte dos livros é de literatura brasileira e francesa nos mais variados gêneros (poesia, romance, biografia, conto). Mas há publicações em diversas áreas de conhecimento.

O leitor poderá fazer pesquisas nos campos da matemática, arquitetura, astronomia, história, geografia, religião, direito, arte e teatro, avisa a bibliotecária Bernadette Amazonas. Dos 30 mil volumes, 463 foram classificados como raros e valiosos e 545 pertencem à Coleção Camiliana, com obras assinadas pelo escritor português Camilo Castelo Branco (1825-1890).

Uma das raridades é a primeira edição das Reflexões sobre a Vaidade dos Homens ou Discursos Morais, de 1752, de Mathias Ayres Ramos da Silva de Sá. “É uma publicação portuguesa, de um escritor moralista”, diz Bernadette. Ela e outra bibliotecária foram contratadas com recursos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), para catalogar os livros.

Entre as preciosidades encontram-se o Petite Astronomie, um manual descritivo de astronomia, todo ilustrado, publicado em 1887 pelo francês Camille Flamarion (1842-1925). E Estilhaços, do jornalista e poeta pernambucano Isodoro Martins Júnior (1860-1904), lançado em 1885 com a marca “edição definitiva”, observa Bernadette.

Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
Acervo da biblioteca da Academia Pernambucana de Letras é formado por mais de 30 mil publicações - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Manual descritivo de astronomia, de 1887, faz parte do acervo da Academia Pernambucana de Letras - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Visões de Hoje, livro publicado em Pernambuco pelo poeta Martins Júnior, em 1886, no acervo da APL - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Academia Pernambucana de Letras preserva livros editados nos anos 50 pelo poeta Thiago de Mello - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Acervo da biblioteca da Academia Pernambucana de Letras é formado por mais de 30 mil publicações - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Academia Pernambucana de Letras (Recife) abre a biblioteca ao público pela primeira vez, em 114 anos - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Academia Pernambucana de Letras (Recife) abre a biblioteca ao público pela primeira vez, em 114 anos - Foto: Ashlley Melo/JC Imagem

 

A biblioteca preserva livros de uma extinta editora de Niterói (RJ), de Geir Campos e Thiago de Mello, que funcionou na década de 1950. Dos 20 textos editados, a APL catalogou 12, entre eles Canção das Águas Claras (Gilberto Amado), A Palavra Escrita (Paulo Mendes Campos), Com o Vaqueiro Mariano (Guimarães Rosa), Ode Equatorial (Ledo Ivo) e Amor em Leonoreta (Cecília Meireles).

Para ter acesso a esse tesouro literário, gratuitamente, é preciso preencher uma ficha com nome, endereço, telefone e e-mail. Basta levar Carteira de Identidade, uma foto 3x4 e comprovante de residência. Na solenidade de abertura da biblioteca, a academia fará o lançamento do catálogo do acervo, com 1.203 títulos. Nas próximas edições, novas obras serão acrescentadas”, afirma Bernadette.

Disponibilizar tudo isso ao público faz parte do projeto Academia de Portas Abertas, criado pela escritora Fátima Quintas, em janeiro de 2012, ao assumir a presidência da APL. “Terminando meu mandato, abrir a biblioteca, simbolicamente, é como se entregasse a chave do saber para a sociedade. É muito gratificante”, declara a escritora.

As publicações são originárias do acervo dos acadêmicos e de doações de intelectuais que visitaram a entidade, diz ela. “São pessoas dedicadas ao estudo, isso garante a boa qualidade dos livros”, avalia. Waldemar Lopes (1911-2006), que batiza a biblioteca, era integrante da APL, sonetista e poeta.

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