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Fátima Quintas faz balanço de sua atuação à frente da APL

"Eu vivi para a Academia", diz a escritora, que criou 12 eventos periódicos e conseguiu verba para restaurar a sede

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 26/12/2015 às 8:13
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"Eu vivi para a Academia", diz a escritora, que criou 12 eventos periódicos e conseguiu verba para restaurar a sede - FOTO: JC Imagem
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Quando foi eleita para a presidência da Academia Pernambucana de Letras (APL), no final de 2011, a escritora e antropóloga Fátima Quintas tinha um objetivo principal: fazer da instituição um local aberto a visitantes e a debates. Depois de dois biênios no comando da Casa Barão Rodrigues Mendes, ela se prepara para deixar o cargo no dia 26 de janeiro, depois de ter iniciado uma reforma no prédio da APL e ter criado 12 eventos periódicos, além de ter implementado novas publicações e coleções de livros. Na entrevista abaixo, ela faz um balanço do período na frente da academia e comenta como foi tentar realizar atividades e ideias com um pequeno orçamento.

BALANÇO
Eu acho que cumpri uma missão importante. Encontrei a solidariedade dos meus colegas, que abraçaram as propostas para a APL. Creio que, em geral, as pessoas se sentiram gratas com o dinamismo que procurei dar à academia, um dinamismo que partiu do projeto Academia de Portas Abertas, que iniciei ainda na minha primeira reunião como presidente, em 2012. A ideia foi interagir a sociedade e trocar reflexões e pensamentos com ela.

EVENTOS
A parte burocrática e administrativa foi muito difícil. A APL quase não tem verbas e vive da locação do seu espaço. Foi um aspecto de muita tensão e emoção, com vários obstáculos. Porém, mesmo com isso, eu consegui criar 12 projetos, todos eles com a ajuda de amigos, sem ônus para a instituição porque não havia como pagar. Um projeto que teve uma repercussão grande foi o Música na APL. Todo primeiro domingo do mês, o auditório da casa estava cheio com um público fiel para ouvir música erudita. No final da gestão, eu já sentia que os próprios músicos tinham vontade de tocar lá, também graças à curadoria de Eliana Caldas.
Outro projeto de que eu gosto muito é o Sarau da Juventude, que recebe estudantes, sobretudo os do Centro de Artes e Comunicação (da UFPE). É um evento para jovens, poetas e escritores que queiram falar sobre literatura, com debates abertos. Ouvi alunos dizendo que aprendiam mais do que em salas de aula. Outro projeto com um bom resultado foi o Memória dos Poetas Pernambucanos, recital com Adriano Cabral e Hilda Torres, que acabou incorporado pela Prefeitura do Recife nos seus roteiros poéticos. Isso sem falar no Grupo de Estudos Clarice Lispector e nas Serenatas Literárias, de José Mario Rodrigues e Cláudio Almeida. Também criamos um concorrido curso de português, em que tinha mais interessados do que vagas, e ainda iniciamos o projeto de visitar escolas públicas da periferia.

2015
Foi um ano extremamente difícil em todos os aspectos, inclusive no afetivo. No lado material, ao iniciar as obras de reforma, a locação do espaço da APL praticamente acabou – ninguém quer casar ao lado de andaimes. E foi muito difícil administrar isso em meio a uma crise nacional. Além disso, no aspecto mais trágico, nos primeiros sete meses do ano, morreram sete acadêmicos. A oitava perda ainda foi alguns meses depois. Eram acadêmicos de uma importância fundamental, espécies de líderes da APL, com uma visão humanística muito forte. Houve uma devastação humana na academia. Com isso, aconteceu uma renovação em tempo breve, em um ano, com nomes mais jovens, pessoas com uma nova visão.

No dia 24 de agosto deste ano, começamos a reforma de fato. O BNDES teve um olhar muito apaixonado pela Casa Barão Rodrigues Mendes. Além da reforma, orçada em R$ 2,15 milhões, eles sugeriram que criássemos um museu – havia um espaço destinado para isso, mas que não funcionava. Disseram que iam incluir isso na reforma e deram um novo montante (R$ 350 mil) para criar um projeto para ele. E afirmaram: a reforma só será terminada com o museu pronto. A acervo de antes do museu mostrava como era a casa no século 19, mas vamos criar um projeto que aborde a literatura também.
Eles ainda aceitaram a ideia de criar, junto com o museu, um sonho antigo, A Livraria dos Escritores Pernambucanos. E um café, idealizado por Waldênio Porto (ex-presidente).

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